O que é trabalho remoto? Qual a diferença para home office?

Por: Grupo Superlógica10 Minutos de leituraEm 31/07/2020Atualizado em 16/03/2022

Uma nova era está se instaurando no mercado de trabalho. O modelo operacional hegemônico, de ir e vir para o escritório, foi colocado em cheque, dando lugar a uma nova realidade, a do trabalho remoto.

O distanciamento social, exigido pela pandemia de COVID-19, está ativamente transformando diversos comportamentos e setores da sociedade. Leis, governos, negócios, economia, comportamentos da sociedade civil e outros aspectos estão se transformando juntos para uma verdadeira reorganização socioeconômica.

Dentro desse espectro estão os modelos de trabalho nas empresas. Do desespero causado pela mudança rápida e brusca, surgiram soluções. Empresas que até então tinham um ritmo mais lento de digitalização e disrupção, como no mercado condominial, precisaram encontrar soluções criativas para manter o atendimento aos seus clientes.

Deste modo, a desmaterialização dos espaços físicos, que já se promovia através das tecnologias em nuvem, ganhou uma dimensão a mais. Percebeu-se que, para muitos segmentos, escritórios e salas comerciais eram desnecessários.

Mais do que isso, esses itens representam despesas que podem consumir uma grande porcentagem da receita de pequenas e médias empresas (PMEs). Ao adotar um modelo mais flexível, pode-se diminuir uma série de custos sem impacto direto no seu atendimento.

Entretanto, quando se fala de trabalho remoto, ainda existem muitas dúvidas conceituais e confusões. Você verá neste artigo:

  1. O que é trabalho remoto?
  2. Qual é a diferença entre trabalho remoto e home office?
  3. Quais são as vantagens do trabalho remoto?
  4. O que é preciso para fazer a transição da minha empresa para o trabalho remoto?
  5. Os desafios a serem superados



O que é trabalho remoto?

Trabalho remoto é a flexibilidade para poder executar as atividades profissionais de onde quiser, não precisando ser necessariamente em casa (home office). Sobretudo, os colaboradores da empresa não precisarão trabalhar exclusivamente em escritórios.

As paredes das salas comerciais não foram os únicos limites superados. Com esse modelo de operação e gestão de pessoas, as barreiras geográficas também não existem mais, permitindo que sua empresa possa contratar qualquer indivíduo, em qualquer lugar do mundo.

O trabalho remoto, porém, já estava se tornando uma tendência antes mesmo da pandemia. De acordo com um estudo da consultoria Hays,  entre 2017 e 2018 o número de colaboradores nesse regime cresceu em 51% em todo o mundo. 

No Brasil, a estimativa é que os postos de trabalho remoto aumentem 30% após as medidas preventivas à COVID-19.

É o fim dos escritórios?

Estabelecer um modelo majoritariamente remoto de trabalho não significa eliminar completamente o escritório físico. Algumas empresas ainda sentem a necessidade de manter um espaço de atendimento, principalmente em mercados mais tradicionais.

No entanto, adotar um regime híbrido traz uma série de desafios para gerenciar grupos diferentes de funcionários. Segundo um relato recente de Sid Sijbrandij, CEO da GitLab, um gerenciador de repositório de software, adotar um modelo 100% “offsite” “evita as complexidades de atender demandas para funcionários presenciais e remotos” e também auxilia na missão de “um comprometimento coletivo em seu modelo particular de operar e propiciar melhoras com o tempo.

Qual é a diferença entre trabalho remoto e home office?

Por definição, “home office” é uma palavra da língua inglesa, que se estabeleceu no nosso idioma, que significa “escritório em casa”. Ou seja, ela trata exclusivamente da experiência do colaborador desempenhar sua função de seu lar.

O trabalho remoto, por sua vez, se diferencia por não envolver somente um funcionário atuando de sua residência. Neste caso, trata-se de ter a liberdade para trabalhar de onde quiser, podendo ser em qualquer outro lugar que o permita desenvolver suas atividades

Assim, enquanto o primeiro especifica o local, o outro trata de um modelo muito mais amplo que pode, inclusive, englobar o home office. Basta que o empregador viabilize esse indivíduo com as ferramentas, equipamentos e a experiência corporativa necessária para que tudo ocorra com a máxima eficiência.

Essa distinção é importante, pois nem todo mundo possui um ambiente propício para trabalhar em casa por conta de diversas distrações. Isso, porém, não impossibilita a quebra das barreiras do escritório. Com os equipamentos certos e ferramentas em nuvem o ambiente de trabalho se expande para qualquer lugar com uma conexão estável com a internet.

No relato do CEO da GitLab, ele revela que grande parte dos seus colaboradores que inicialmente preferiam estar num escritório mudaram de opinião durante o novo esquema. 

Quais são as vantagens do trabalho remoto?

O trabalho remoto oferece uma série de benefícios tanto para a empresa que o adota, quanto para seus colaboradores. A melhora na produtividade e na qualidade de vida são alguns dos muitos argumentos a favor desse modelo.

Confira as principais vantagens:

  • Aumento da produtividade;
  • Cobranças mais justas (por resultados);
  • Maior qualidade de vida;
  • Diminuição de custos;
  • Mais velocidade no desenvolvimento de tecnologias;
  • Um ambiente mais inclusivo;
  • Apoio a um mundo mais sustentável.

Aumento da produtividade

Desde o início de suas atividades remotas, muitas pessoas, entre gestores e funcionários, reportaram uma melhora no desempenho ao trabalharem fora do escritório. De acordo com um levantamento da ISE Busines School, 60% das pessoas declararam ganhos nesse aspecto durante o home office.

A Superlógica, empresa de tecnologia que oferece soluções para empresas que atuam com pagamentos recorrentes (como administradoras de condomínios, imobiliárias e de SaaS), notou resultados ainda melhores. Em uma pesquisa com seus colaboradores, 97,9% identificaram que seus times estavam mais produtivos.

Tal efeito se dá por conta da rápida adaptação apoiada em metodologias, comunicação constante, ferramentas em nuvem e equipamentos adequados.

Cobranças mais justas

Uma particularidade do trabalho remoto se dá no acompanhamento de objetivos. Diferente do controle minucioso sobre horas trabalhadas, nesse modelo o que importa é a obtenção de resultados.

O funcionário não é avaliado apenas por cumprir o seu expediente, mas sim pelo tanto que conseguiu produzir enquanto esteve em atividade. Dessa forma, estabelece-se uma uma cobrança mais justa por parte dos líderes e facilita ainda mais a gestão de desempenho.

Além disso, com a maior flexibilidade nos horários, o colaborador consegue administrar seu tempo como empregado e outras atividades da sua vida pessoal.

Maior qualidade de vida para o colaborador

Conseguir embarcar indivíduos engajados e aculturá-los sobre seus valores e propósito, é algo que a própria empresa desenvolve nos processos de seleção e onboarding. Mas há ainda uma máxima que não deve ser ignorada: seus colaboradores desejam por uma boa qualidade de vida.

O trabalho remoto promove justamente essa dinâmica entre a vida pessoal e profissional. Podendo trabalhar em casa, ou em lugares próximos, e gerindo seus horários da maneira mais apropriada, o colaborador pode passar mais tempo de qualidade com seus familiares e entes queridos ou realizar outras atividades, como estudos e exercícios físicos.

Também, há um aspecto ligado a ficar menos tempo no trânsito. Seja em um carro particular ou no transporte público, essa é uma situação que costuma causar muito estresse nas pessoas, principalmente para quem se viaja para centros urbanos que acumulam engarrafamentos.

São horas do dia que seu colaborador perde apenas para ir e voltar do escritório, e poderiam ser investidas em lazer e aprendizados. Na pesquisa interna da Superlógica, 54% dos funcionários declararam economizar mais de 2 horas por dia ao não se locomoverem até prédio da empresa.

Diminuição de custos para a empresa

Provavelmente o aspecto mais importante para você que é gestor são os custos atribuídos a manutenção de um espaço físico são mitigados substancialmente. 

E não se trata apenas de eliminar gastos com vale-transporte ou vale-combustível – afinal, esses valores podem ser reconvertidos em ajuda de custo seus colaboradores remotos. Diversas despesas da rotina de escritório se tornam desnecessárias, como o volume de compra de materiais, manutenção, despesas de consumo. 

Em casos mais extremos, o próprio aluguel pode ser eliminado das contas da empresa. Tal movimento já foi iniciado durante a pandemia de COVID-19, no Rio de Janeiro a taxa de desocupação de imóveis comerciais mais do que dobrou no segundo trimestre de 2020, sendo 70,6% salas comerciais.

Mais velocidade no desenvolvimento de tecnologias

A disrupção tende a ser observada com receio por empreendedores. Entretanto, o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias traz uma infinidade de oportunidades para as demandas de mercados tradicionais. A necessidade de distanciamento social, com a manutenção da saúde pública como objetivo, reverberou na criação e aprimoração de ferramentas. 

Algumas delas até já existiam e eram um grande ganho para as empresas que operam presencialmente. Com o trabalho remoto normalizando na sociedade, a tendência é que cada vez mais as empresas de tecnologias trabalhem em ferramentas e parcerias para proporcionar eficiência e comodidade aos seus clientes. Sobretudo, as soluções hospedadas em nuvem têm grande destaque, por permitirem acesso de qualquer lugar com conexão com a internet.

Um ambiente mais inclusivo

Diversidade é uma das chaves para o crescimento de qualquer empresa. Os benefícios de um ambiente de trabalho plural se estendem desde o elemento produtivo até a percepção das pessoas sobre sua marca.

Uma pesquisa da Insights e Data Analytics Croma revelou que 53% dos entrevistados não consomem marcas com comportamentos preconceituosos. Mas não se trata apenas de criar ações superficiais de branding, a inclusão deve ser real. No mesmo estudo, 72% das pessoas afirmaram não acreditar na autenticidade das marcas quando falam sobre o tema.

No caso de PCDs (pessoas com deficiência), por exemplo, muitas empresas não têm estrutura para física para embarcar esse público. Com o trabalho remoto, por sua vez, os processos para agregar esse público é mais fácil, pois dispensa as barreiras físicas e depende muito mais dos métodos e tecnologias para lhes permitir desempenhar suas funções – assim como o restante do quadro de funcionários.

Ademais, ferramentas e soluções exclusivamente para o trabalho remoto também tenderão a agregar a acessibilidade como princípio para o desenvolvimento.

E, finalmente, lembre-se, é garantido o direito fundamental à todos os cidadãos, “sem distinção de qualquer natureza”, o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Apoio a um mundo mais sustentável

O desenvolvimento sustentável é uma pauta cada vez mais importante nas empresas e uma preocupação real dos consumidores. Os impactos na conversão de vendas é notável, visto que 87% dos consumidores brasileiros preferem adquirir produtos de empresas que sejam sustentáveis.

O trabalho remoto permite o apoio a essa causa em diversos níveis, começando pela diminuição da produção de resíduos. Mesmo negócios com muito aporte tecnológico tendem a produzir muito lixo, sobretudo com papéis. 

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos estima que um trabalhador de escritório utiliza cerca de 10 mil folhas de papel anualmente. Considerando que o peso médio de um folha de papel sulfite A4 pesa cerca de 4.6 gramas, são 46 quilos de papel por indivíduo.

Além disso, pode-se cortar gastos de consumo de energia, que são concentrados na iluminação e ar-condicionado. De acordo com um levantamento do Sebrae, 68% das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) declaram que a conta de energia representa até 10% de seus custos totais.

O que é preciso para fazer a transição da minha empresa para o trabalho remoto?

Grande parte das empresas tiveram que migrar com urgência para o home office. Naturalmente, essa foi uma grande novidade para a maioria, visto que, segundo dados da ISE Business School, 65% das empresas familiares brasileiras não utilizavam o trabalho remoto até surgir a necessidade de distanciamento social.

O momento difícil também revelou um modelo operacional possível de ser realizado com eficiência. Para empresas com relacionamento contínuo com seus clientes, como as de serviços recorrentes, essa realidade foi ainda mais evidenciada, provando que grande parte do plantel de funcionários – senão ele todo – não precisa ir à empresa para realizar suas atividades.

A Global Workplace Analytics estima que 56% da força de trabalho nos Estados Unidos realiza tarefas que poderiam ser feitas no modelo remoto. E essa é uma realidade que se prova mais latente também no Brasil.

No entanto, os processos envolvendo a mudança não devem ser negligenciados. Mudar o modelo de gestão de pessoas e das operações não é algo tão simples, principalmente para que os ajustes cheguem em sua máxima eficiência o mais rápido possível.

Como mudar para o trabalho remoto

  • A utilização das ferramentas certas: softwares de gestão em nuvem, videoconferências, plataformas de gestão de projetos, pessoas e objetivos, internet banking, entre outras;
  • Fornecimento de equipamentos apropriados: notebooks, fones de ouvido, mouses e até cadeiras de escritório, se necessário;
  • Lideranças conscientes: o bom ajuste começa de cima, então líderes e gestores devem se preparar para orientar seus colaboradores sobre os melhores processos, metodologias e formas de cobrar resultados;
  • Uma cultura forte e flexível: trata-se de um ativo intangível da empresa que ajuda a motivar e fortalecer as relações do colaborador com a empresa. Entretanto, ela precisa ser flexível o bastante para se adaptar às mudanças nas relações de espaço;
  • Recrutamento e onboarding de funcionários remotos: a melhor maneira de acostumar um colaborador com novos métodos é desde o início. Por isso desde o processo de seleção, deve-se considerar competências e habilidades que combinem com o trabalho remoto.

Os desafios a serem superados

Por fim, mesmo com uma grande quantidade de benefícios, o trabalho remoto, como qualquer modelo sendo implantado oferece alguns desafios que as empresas estão trabalhando para superar.

Acostumar colaboradores com horários flexíveis

De fato um dos grandes benefícios para os colaboradores é a administração do tempo. No entanto, horários flexíveis não quer dizer um desprendimento total do expediente comercial. 

Ainda existem determinadas funções, como o atendimento a clientes, que precisam estar disponíveis em horários específicos. Além disso, deve-se respeitar o horário comum de reuniões regulares e processos rotineiroscomuns da empresa.

Deve-se ensinar os funcionários que “trabalho remoto não é férias”, e eles precisam estar tanto disponíveis para realizar suas atribuições ,e  quanto estar atentos a datas de entrega e resultados almejados.

Por outro lado, também deve-se prestar atenção nos aspectos relacionados à saúde mental. Não é incomum que funcionários ajustem seus horários e demandas de forma que os levem a trabalhar por horários estendidos seguidamente – mesmo fora do expediente. Isso, além de minar a produtividade, pode levá-lo a desenvolver estresse e ansiedade.

Microgerenciamento

Alguns gestores podem temer que, ao trabalharem fora do escritório, colaboradores não mantenhamrão o mesmo nível de produtividade (mesmo com as estatísticas provando o contrário). Isso pode levar a atitudes extremas de microgerenciamento, ou seja, observar cada passo de seus funcionários para verificar se as coisas andam como esperadas.

Essa atividade cria uma série de gargalos e atritos na produtividade da empresa. Por um lado, o empreendedor deixa de se atentar às suas atribuições mais importantes e estratégicas. Por outro, gera atrito com a própria força de trabalho, que se sente “perseguida”, e tende a ter piores resultados sob esse tipo de pressão.

A relação entre lideranças e liderados precisa se pautar na confiança. A medição do desempenho precisa estar nas avaliações de resultados obtidos dentro do período de tempo que se espera, e não em cada momento do dia dos indivíduos.

Solidão e falta de interações

Nem todos os colaboradores têm perfis extrovertidos. Isso não quer dizer que estejam negligenciando suas atribuições, mas muitas vezes acontece de suas únicas interações com os demais sejam para assuntos intrínsecos ao trabalho.

Eventualmente, é comum que alguns sintam falta do “contato humano”, mesmo com uma série de ferramentas que reproduz virtualmente um ambiente de escritório. Esse é outro aspecto que influencia na saúde mental do seu funcionário e sua empresa pode ser mais ativa para amenizar o distanciamento.

É possível promover ações dentro desses ambientes virtuais para engajar as pessoas a participarem de atividades lúdicas, competições divertidas e concursos. Também, seus líderes podem estimular a realização de pausas e bate-papos informais com regularidade.

Interrupções e perturbações regulares no ambiente de trabalho

Uma das principais recomendações para um trabalho remoto produtivo é que se escolha um ambiente propício e com o mínimomenor número de interrupções possívelis. No entanto, principalmente para quem está de home office, não há como escapar completamente dos barulhos e incômodos.

Para algumas empresas até é possível alugar um ambiente de coworking, nos casos mais extremos, mas nem todas podem arcar com esse tipo de gasto em larga escala. Nesses casos compensa ensinar os colaboradores, através de experiências reais de seus colegas, sobre formas de amenizar essas interrupções.

Algumas dicas são:

  • Falar francamente e estabelecer acordos com seus familiares sobre o porqueê não lhes dar atenção naquele momento, principalmente durante reuniões ou chamadas com clientes;
  • Encontrar um ambiente exclusivo na casa, mesmo que precise improvisar no começo, para separar o espaço em que está trabalhando e o que não está;
  • Estabelecer horários fixos nos quais se está em expediente ajuda a fazer os outros entender quando não devem perturbá-lo;
  • Se o problema é com vizinhos, a conversa é o melhor caminho. Explique que aquele é seu horário de trabalho e eventuais barulhos estão atrapalhando suas atividades.

Maus hábitos de saúde

A manutenção ou potencialização de maus hábitos de saúde podem acontecer durante essa transição. Em períodos nos quais não se pode sair de casa, como durante a pandemia de COVID-19, é possível que as pessoas deixem de praticar exercícios e se alimentar de maneira desbalanceada.

Instrua seus colaboradores com regularidade sobre a importância de manter-se saudável física e emocionalmente de onde quer que estejam trabalhando. Estimule alongamentos durante o dia; que levantem de suas cadeiras para “esticar as pernas” e fazer uma breve pausa; que abram as janelas para entrar luz solar; e que se alimentem bem e nos horários corretos. 

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos nos mercados de SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias.

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