A importância de fazer coleta seletiva no condomínio

Por: Bárbara Garcia6 Minutos de leituraEm 30/06/2020Atualizado em 28/03/2022

A produção de lixo em condomínios pode ser um grande problema. Os moradores têm diferentes graus de preocupação com a produção de resíduos, sua devida separação ou com o meio ambiente em geral. Isso no entanto, não deve afastar os gestores do empreendimento de seu papel social, ainda se deve estimular e viabilizar a coleta seletiva.

Durante a pandemia de COVID-19, no Brasil, foi possível notar um fenômeno ímpar: a diminuição da poluição nas ruas. Foram mais de 8 mil toneladas de lixo que deixaram de ser varridos nas ruas de São Paulo entre março e maio de 2020.

Com a circulação limitada nas ruas, o volume de lixo varrido diminuiu cerca de 41% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb).

A coleta seletiva domiciliar, por sua vez, aumentou. Entre março e maio de 2020, esse tipo de coleta cresceu 20% em relação a 2019.


Existe lei que obriga a coleta seletiva em condomínios?

Você pode estar se perguntando, qual a relação disso tudo com os condomínios? Nas mesmas circunstâncias de isolamento que o resto da população, os residenciais concentram uma grande quantidade de pessoas em um terreno só.

Enquanto, em um domicílio comum os moradores são responsáveis por gerir e entregar os resíduos para coleta, no condomínio o fornecimento de um espaço propício cabe ao condomínio. Ou seja, cabe à gestão do empreendimento se certificar que o abrigo esteja limpo, seco, seguro e devidamente lacrado, para não causar transtornos aos condôminos, colaboradores e profissionais de coleta.

Inclusive, desde 2010, existe a Lei Federal 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Mesmo que não cite ou responsabilize os condomínios, ela atribui a “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” aos consumidores.

Além disso, a mesma lei permite que os municípios implantem seus sistemas de coleta seletiva. Incumbindo aos consumidores as obrigações de:

  1. acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados;
  2. disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. 

Assim, é importante atentar-se a legislação dos estados e municípios para evitar punições. No estado de São Paulo, por exemplo, há a Lei 12.528/2007, que obriga “condomínios residenciais com, no mínimo, 50 (cinqüenta) habitações” a implantarem a coleta seletiva.

Como fazer a coleta no seu condomínio

Com obrigatoriedade na lei ou não, deve-se considerar a responsabilidade social dos condomínios. A diminuição da poluição dos centros urbanos e a sustentabilidade do planeta num geral são preocupações de todos e podem ser um grande diferencial para atrair famílias.

É fato que muitos condomínios já façam algum tipo de separação, mesmo que apenas entre orgânicos e recicláveis. Mas no contexto de distanciamento social é ainda mais necessário dar atenção ao lixo, já que se não separado e lacrado corretamente, pode aumentar a chance de contaminação pelo coronavírus e outras doenças. 

E isso não só para os moradores mas também para os funcionários da limpeza pública, que saem todos os dias de casa para manter a cidade limpa mesmo em meio à pandemia.

Reduzindo a produção de lixo

Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), estima que a quantidade de resíduos sólidos domiciliares aumentem 25% durante a pandemia.

Assim, antes mesmo da disposição do lixo para coleta, existem diversas maneiras de lidar com o lixo e educar os condôminos. Uma delas é a reciclagem.

Confira algumas dicas de como administradoras e síndicos podem lidar com esse assunto:

  • Transformar lixo orgânico em adubo: em condomínios em que existem hortas e áreas verdes para plantar, os restos orgânicos podem ser usados para criar composteiras e adubar a terra;
  • Reutilizando embalagens: copos e recipientes, tanto de vidro quanto de plástico, não precisam ser imediatamente descartadas após o uso. Podem ser usados como utensílios de cozinha ou até mesmo como material para a confecção de peças de decoração e artesanatos. Caso você seja uma pessoa que realmente não utilizará esses objetos, procure doar a algum vizinho que faça bom uso deles;
  • Apoiando causa sociais: dependendo do tipo de resíduo, como tampinhas de garrafa feitas de metal, existem instituições e ONGs que as coletam para trocar por cadeiras de rodas, por exemplo. Ou seja, além do benefício ao meio ambiente, você estará ajudando alguém que precisa.

Indo além da reciclagem

Se por um lado o discurso sobre a importância da reciclagem não é novidade, por outro alguns condomínios ainda têm dificuldade de implementar a coleta seletiva. Afinal, exige-se adequação do espaço do próprio empreendimento e a necessidade de que os moradores entendam a importância desse processo.

Confira abaixo, um breve passo a passo para implantar a coleta seletiva no condomínio:

1. Adequando e mantendo o espaço para coleta

Em primeiro lugar, é necessário ter espaço físico disponível para colocar as lixeiras de cores diferentes para cada material. Lembrando que os básicos são: 

  • Azul é para papel e papelão;
  • Verde para vidros;
  • Vermelho para plásticos
  • Amarelo para metais.

Até existem outras cores, mas para finalidades específicas, como as lixeiras pretas para madeira; as laranjas para perigosos e contaminados, como pilhas e baterias; e as roxas para radioativos.

É imprescindível que o local seja limpo e arejado para evitar o mau cheiro e entrada de animais que possam trazer doenças, como baratas, ratos e mosquitos. O mais adequado é que as lixeiras sejam esvaziadas regularmente, principalmente em dias de amplo uso, como eventos do condomínio. 

No caso do abrigo, para disposição desses itens e para os moradores que fazem a seleção dentro de suas casas, é importante que ele fique num local de fácil acesso para os profissionais da rede pública colherem. Bem como, é fundamental deixá-lo a uma distância razoável das residências para evitar incômodos.

2. Conscientizando os moradores

Depois de resolvido o espaço físico, é importante que as administradoras e síndicos se engajem em conscientizar os moradores sobre a importância da seleção de resíduos. 

Uma ideia interessante é compartilhar nos grupos de whatsapp ou através de comunicados no aplicativo do condomínio, informativos e reportagens de fontes confiáveis para incentivar a reflexão acerca do assunto.

É possível, fazer uma grande ação, temática, com aulas e atividades lúdicas, para crianças, ensinando detalhes sobre a prática da coleta seletiva e da reciclagem como:

  • Qual a diferença entre resíduos (os que podem ser reutilizados ou reciclados) e rejeitos (aqueles que devem ser descartados, por serem tóxicos);
  • Quanto tempo o material jogado indevidamente na natureza demora para se decompor no ambiente;
  • Como se tornar uma pessoa mais consciente em relação aos hábitos de consumo no dia a dia.

3. Cuidados com a segurança e a saúde

Outro ponto muito importante é o cuidado com papéis e plásticos. Esses materiais contêm substâncias inflamáveis que podem entrar em combustão e provocar incêndios. Por isso, além dos cuidados técnicos, é necessário que os condomínios tenham bons seguros prediais para cobrir eventuais danos.

Os funcionários responsáveis pela limpeza devem receber treinamento adequado para lidar com os materiais, utilizar os equipamentos de proteção individuais (EPI) obrigatórios de acordo com as normas de Segurança do Trabalho.

Também é preciso definir a frequência com que o lixo será recolhido, quem será a pessoa responsável pela tarefa e os horários específicos, para que não se acumulem materiais além do que o espaço do condomínio pode comportar. 

4. Alternativas ao serviço público

Se o condomínio que está nesse processo de implementação não estiver recebendo o serviço de coleta da prefeitura ou esse se mostrar insuficiente, pode então se pensar em contratar uma empresa terceirizada. Ou, até mesmo, propor parcerias com as cooperativas da região que recebem os materiais recicláveis.

Outra opção são os Pontos de Entrega Voluntária. Os PEVs são postos de coleta colocados à disposição da população em locais públicos para que levem seus resíduos. Nesse caso os síndicos poderiam informar aos moradores os endereços e contatos dos locais mais próximos.

5. Lembre-se sempre dos coletores de lixo

Por último, mas não menos importante, é de extrema importância embalar os resíduos de forma correta para que os coletores não se contaminem ou sofram acidentes. 

Em meio à pandemia de COVID-19, eles são funcionários que não têm a opção de trabalhar em casa, pois a limpeza das cidades não pode parar. Sendo assim, a forma correta de embalar os materiais é:

  • Envolver bem pedaços de vidro em folhas de jornal e colocá-los em uma caixa de papelão separada;
  • Outra possibilidade é cortar a parte de baixo de uma garrafa pet de plástico, colocar os pedaços de vidro dentro e usar a parte superior da garrafa para fechar a embalagem improvisada. Depois, é preciso selar as duas partes com fita adesiva;
  • Caso seja um objeto, como garrafa de bebidas, embalagens de cosméticos ou alimentos, descarte-os junto com o lixo limpo, mas no recipiente coloque uma etiqueta visível com os dizeres: “Cuidado, contém vidro”. 

Devemos lembrar que justamente nesse período tão conturbado da história recente, é essencial colocar em prática a empatia, compreendendo que nossas ações individuais impactam na sociedade como um todo. E uma das contribuições para que possamos enfrentar a quarentena da melhor maneira, é considerar a importância da reciclagem.

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