Qual o panorama da transformação digital no Brasil?

Por: Heitor Facini4 Minutos de leituraEm 26/06/2019Atualizado em 27/11/2019

Como funciona a transformação digital no BrasilA palavra, que ganha cada vez mais força no mundo dos negócios, teve um boom recente de crescimento. É só analisar a busca pelo termo no Google Trends (ferramenta que mapeia as tendências na web) nos últimos cinco anos no Brasil. 

É possível ver uma crescente ano após ano, mas a curva se torna maior a partir de 2017. Esse crescimento também é visto no mundo todo e mais especificamente nos Estados Unidos. 

Mundo todo:

Estados Unidos: 

“O século XX foi o período em que a humanidade mais inovou. Entretanto, o uso da internet em massa bagunçou toda essa história. Ela amplificou muito a capacidade de disrupção e colaboração entre os pares”, comentou André Baldini, CEO da Superlógica, em palestra no Superlógica Xperience 2019. “O modelo que a gente vivenciou no passado se esgotou e não é ágil o suficiente para acompanhar o mundo de hoje. Ele é muito volátil!”. 

Segundo Baldini, para se diferenciar em mercados competitivos, é melhor que a sua empresa se preocupe mais com mindset (mentalidade) do que com a estratégia. “As empresas que querem ter lugar no futuro têm de pensar em uma cultura que se adapte perante tamanha transformação”, explicou. 



André Baldini explicou o que é a transformação digital e como ela se aplica nos mais diversos contextos em sua palestra “Panorama da transformação digital no Brasil”, no Superlógica Xperience 2019. Abaixo, você pode conferi-la na íntegra!

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O que é transformação digital?

Baldini define a transformação digital como a mudança provocada pela digitalização e desmaterialização dos recursos. Ela segue uma sequência bem padrão para mudar mercados, que consiste em digitalizar os recursos para depois desmaterializá-los. Em seguida, os desmonetiza, escalando o serviço e o deixando mais barato para ser executado, tornando-o muito mais democrático e, causando assim, a disrupção

O exemplo que ele utilizou para demonstrar esse processo foi o da fotografia digital. “A máquina precisava de filmes fotográficos para funcionar. Com a digitalização, eles se transformaram em bits e tornaram o processo mais rápido e, consequentemente, mais barato. Isso acabou democratizando o acesso a fotografia e, hoje, todo mundo pode ter uma câmera muito boa na mão pelo celular. Foi uma verdadeira disrupção do mercado”.

Como a transformação digital começou a atuar no Vale do Silício?

Se a gente fala disso atualmente, no Vale do Silício, a ideia de mudança e adaptação já existe há um bom tempo. Baldini citou 3 fatores que influenciam a transformação digital: referências, investimentos e a atração/retenção de talentos. 

Como referências, ele usou o exemplo da HP na década de 40, que já pensava diferente. Eles criaram uma cultura de portas abertas muito mais fluida e mutável, acabando com a subordinação e fazendo com que a empresa continuasse inovadora e relevante por mais de 50 anos. 

Também puxou a ideia da PayPal, uma empresa criada em 1999 nos Estados Unidos que foca em meios de pagamento. Dela, surgiu uma “máfia” de executivos que criaram empresas como Youtube, Linkedin, Tesla e SpaceX. 

Falando de investimentos, ele citou o número de fundos que existem nos Estados Unidos. “Mapeando para a apresentação, eu consegui encontrar mais de 230 atuando no Vale do Silício. É capital para investir em muitos empreendedores diferentes!”.

Além disso, outra coisa primordial é a capacidade de atração e formação de talentos. “40% da população da Califórnia é composta por imigrantes que encontram um ecossistema fértil para desenvolver suas ideias. Eles sentem que é o melhor lugar para estar”. 

E sobre a transformação digital no Brasil? Como ela está sendo construída? 

A primeira coisa que Baldini frisou foi o aumento de unicórnios no Brasil. Começamos com a 99 no início de 2018. Em 2019, já temos nomes como PagSeguro, NuBank, iFood, Stone, GymPass e Loggi. 

Grande parte desses unicórnios atua no mercado financeiro. “As fintechs não estão incomodando financeiramente os bancos, que tiveram um lucro de R$ 73 bilhões em 2018. Mas elas estão forçando os bancos a inovarem”.

Por exemplo, ele cita a mudança das agências bancárias. Para pessoas físicas, elas se transformaram nos celulares. Para pessoas jurídicas, elas viraram os ERPs.

Mercado de software passou a oferecer serviços de ponta a ponta

Outra grande mudança foram empresas que passaram a oferecer serviços de ponta a ponta. Por exemplo:

  • Contabilizei, com a contabilidade;
  • QuintoAndar, no mercado imobiliário;
  • AirBnb, no mercado hoteleiro;
  • Uber, na mobilidade urbana;
  • iFood (com investimento de US$ 590 milhões) e Rappi (com investimento de US$ 1,4 bilhão), no mercado de entregas de comida.

“A gente tem de se espelhar no WeChat, da China. Em 2 anos, eles movimentaram 17 trilhões de dólares, mais do que a Visa e a Mastercard juntas”.

Investidores, principalmente a Softbank, estão olhando para o Brasil

Um dos grandes exemplos de investidores internacionais é o Softbank, multinacional japonesa. “Em 2003, o Softbank investiu no Jack Ma do Alibaba. Só que foi diferente. Investidores sempre buscam lucro no primeiro passo, mas nesse caso, eles criaram uma estratégia oposta: queimar capital e dar prejuízo. Depois de queimar US$ 1 bilhão, ele dominou a internet da China”.

A ideia de investimento do Softbank chama arbitragem de tempo. A empresa tem de fazer o mercado parecer pouco rentável, mesmo que a empresa saiba que ele não é, queimando capital. Assim, evita novos competidores e se torna vencedora no longo prazo.  

O Softbank está olhando para a América Latina e mais especificamente para o Brasil. De um fundo de US$ 100 bilhões, eles separaram US$ 5 bilhões para investir na região.

Baldini termina a sua palestra fazendo uma previsão. “Com novas referências, investidores com pensamento a longo prazo e com talentos aqui dentro, o Brasil vai se tornar um grande celeiro de unicórnios”, concluiu. “O Brasil de hoje é a China de 10 anos atrás, o investimento vai retornar”. 

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos nos mercados de SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias e Educação

A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento que apresenta tendências e inovações do mercado condominial. 

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