Como o varejo mudou nos últimos anos e pode mudar mais nos próximos?

Por: Felipe Haguehara7 Minutos de leituraEm 16/07/2019Atualizado em 08/09/2020

Aos poucos, o Brasil demonstra sinais de recuperação da crise econômica em alguns setores. Dentre eles, o varejo está vivendo seu melhor momento dos últimos cinco anos. Outro fator que se mistura ao bom momento desse segmento são os serviços de delivery de alimentos. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), este setor faturou 10 bilhões de reais em 2017Dentro dessa realidade, está o iFood, aplicativo de entregas mais utilizado no Brasil com 17.4 milhões de pedidos em março de 2019, 17 vezes mais do que o concorrente mais próximo. Mas o que é varejo do futuro?

Durante o Superlógica Xperience 2019, Vitor Magnani, Public Affairs do iFood, compartilhou seu conhecimento na palestra “Cenário e tendências em inovação no varejo”. Ele deu um panorama das atividades do iFood, falou sobre inovação e como se adaptar à mudanças no mercado.

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“Hoje a China é  um dos símbolos do avanço tecnológico”

Além de seu cargo na empresa, Vitor exerce funções em outros dois órgãos. Ele é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e diretor da Câmara de Comércio Brasil-Ásia.

Pelo primeiro, tratam-se daqueles negócios que funcionam “conectando um usuário online, com o produto, empreendedor ou serviço”. Alguns exemplos que operam nesse modelo são Uber, Mercado Livre, Airbnb, Yellow e o próprio iFood.

No segundo, ele destaca o foco estratégico em interagir com o mercado asiático, afinal, atualmente, ele é visto como um polo de tecnologia. “Até pouco tempo atrás nós olhávamos muito para o Vale do Silício, já agora o foco é a China. Hoje, ela  é, de fato, um dos símbolos de tecnologia e avanço.”

A Ásia têm atraído atenção mundial. Em diversos rankings das marcas mais valiosas, como o mais recente do Financila Times, as chinesas Tencent e Alibaba figuram no top 10. China Mobile e ICBC também aparecem com destaque na lista.

Não apenas as empresas vindas da China tem atraído a atenção, se instalar lá também tem vem sendo uma alternativa muito visada por marcas do ocidente. Em março de 2019, a VISA inaugurou um seu centro de inovação em Beijing, segundo no continente, o primeiro foi construído em Cingapura, em 2016.

Outra que buscou abrigo na China foi a Apple, que transferiu a produção do Mac Pro para uma região próxima a Xangai.


O que é varejo do futuro? O novo ritmo das mudanças

A mudanças sempre aconteceram, a diferença hoje é que elas vêm muito mais rápidas”, aponta o Public Affairs do iFood. Muita coisa mudou nos últimos anos. O fenômeno dos unicórnios – empresas que valem 1 bilhão de dólares – virou mais comum, e as empresas de tecnologia estão escalando no ranking das mais valiosas, desbancando gigantes históricas.

Dentre as dez marcas mais valiosas de 2019, as quatro que ocupam as primeiras posições são de tecnologia. Apple, Google, Amazon e Microsoft desbancaram empresas centenárias.

No entanto, os modelos de negócio não são os únicos afetados. Juntamente, com a rotina dos cidadãos, cada vez mais dependente destes aportes, a globalização e a rápida transmissão de informações através da internet vêm propiciando muito aprendizado.

“Você do seu quarto, sem educação prévia e com acesso à internet, pode conectar-se com o banco de dados da universidade de Seul. Baixa o documento, lê e aprende”, exemplificou Vitor.

Para ele, algo que as próximas gerações precisarão fazer no futuro é “aprender a desaprender todos os dias”. Esse é um skill importante, as coisas vão mudar todo momento”.

Caso não estejam preparados para essa realidade, as dificuldades enfrentadas serão semelhantes às de empresas que despencaram em seu valor de mercado e relevância, ou até faliram.

“Indústrias inteiras sumiram aos nossos olhos. A Kodak foi uma delas. Da Blockbuster restou apenas uma lojinha. O Yahoo era uma superpotência, teve oportunidade de comprar várias outras empresas, e hoje não é mais”, citou Magnani.

Como parte dessa nova rotina, as mudanças também aconteceram dentro de casa. Os hábitos, produtos, espaços e até mídias são consumidas de maneira diferente. Vitor usa o exemplo do desenho animado Galinha Pintadinha que “em poucos anos de existência tornou-se  num dos produtos mais licenciados hoje em dia. Diferente do Maurício de Sousa – criador da Turma da Mônica – que levou anos para chegar nesse patamar”.

Foco na resolução de problemas

Algo em comum entre as empresas jovens que obtiveram sucesso nessas últimas décadas é o direcionamento de seus negócios. Ao invés de simplesmente “focar no lucro e repetir velhas práticas”, estes players dirigiram suas atenções à solução de problemas regulares, tanto para os clientes quanto para a sociedade num geral.

Na verdade, algumas marcas bilionárias só conseguiram obter lucro recentemente. “O Spotify só foi dar lucro há poucos meses atrás. O Uber tem o Ebitda lá embaixo, negativo. A Amazon – fundada em 1996 – demorou anos e anos para ter lucro”.

Em 2017, das 30 empresas de tecnologia que abriram IPOs (ofertas públicas iniciais), apenas 17% delas tinham lucratividade.

Essas empresas investem grande parte de seu faturamento em expansão, tecnologia e talentos para otimizar o sucesso de seus clientes e solucionar mais problemas.

Diferente do que muitos podem pensar, a falta de lucro não é algo que afaste o capital externo. Pelo contrário, companhias escaláveis e exponenciais têm sido o foco de injeções milionárias

Segundo alguns investidores, como David Einhorn disse em entrevista para a CNBC, ações de crescimento (growth stock), como as de startups e empresas de tecnologia, costumam ter melhores performances que ações de valor (value stock), que são negociadas a preços mais baixos, como em empresas mais tradicionais.

Para exemplificar o triunfo de concentrar-se na solução dos problemas, Vitor contou sobre os episódios envolvendo o Projeto de Lei do Senado 344/2018. Pela PLS, pretendia-se diminuir o repasse de pagamentos por cartão de crédito aos comerciantes de 30 para 2 dias.

“Uma das organizações que encabeçou o projeto foi a Abrasel, pois uma das grandes dores do restaurante é o repasse”. Eles recebem pedidos a todo momento e, muitas vezes, precisam comprar insumos com urgência, necessitando de um fluxo de caixa melhor.

É justamente aí que entra o iFood, salienta o Public Affairs “Nós estamos oferecendo melhores condições para esses restaurantes. Tanto para receber mais rápido, quanto para pagar”.

Inovação é combinar

Definir o conceito de inovação é bastante complexo. Não pela palavra em si, mas sua contextualização no mundo empreendedor hoje em dia. 

Num mesmo evento sobre o tema, é possível que você veja dezenas de interpretações diferentes. Isso não quer dizer que estejam erradas, apenas será necessário identificar qual o mais aplicável para sua realidade.

Para Vitor, inovar é uma questão de combinar diferentes conhecimentos, técnicas e experiências. “É por isso que tantas startups falam de squad, um trabalho em equipe moderno, com pessoas de diferentes áreas que ficam um determinado período de tempo tentando resolver um problema”.

Outro fator que influencia diretamente nessa operação é a horizontalidade. “A cultura é fundamental pra resolver um problema de uma maneira inovadora”. Por isso, no “iFood não há sala do chefe”, completou Vitor.

Especialista e repertório

Para conseguir as combinações citadas acima, é necessário encarar um grande problema “não só do Brasil, mas mundial”. De acordo com Magnani, somos moldados para ser especialistas.

Essa característica resulta, principalmente, em profissionais que possuem apenas determinadas habilidades. Ou seja, a falta de repertório gera demanda de outros especialistas para suprir as necessidades.  O repertório é adquirido por “experiência de vida, ou por sair de fato daquela sua especialidade para você ter acesso a outras ferramentas”.

Aplicar-se para expandir sua oferta de valor vai além do funcionário, é, também, uma máxima para as companhias como um todo. As maiores empresas da atualidade encontraram maneiras de diversificar suas receitas.

Veja como as fontes de receita dos negócios das quatro empresas mais valiosas do mundo mudaram entre 2000 e 2018:

  • A Amazon, que tinha 100% de sua receita vinda do varejo, agora tem 40% resultante de marketplace e serviços em nuvem.
  • A Apple tinha, em 2000, 80% de receitas vindas de PCs e notebook. Hoje, esse número é de 10%;
  • O Google tinha 44% em Google Ads. Hoje, apenas 16% vem do Google, o restante vem de outras marcas, como Youtube e Waze;
  • A Microsoft tinha 80% de receitas provenientes de Windows e Office. Hoje, 50% vem de serviços em nuvem, hardware e redes sociais.

Outro fator que pesa para o sucesso dessas empresas é a diversidade presente em seus times. “Diversidade não é coisa de ‘empresa boazinha’, é papo de competitividade”, afirma Vitor, que complementa, “Nós precisamos ter uma empresa não só de pensamento, mas de vivência também”.

O iFood tem o propósito de revolucionar o universo da alimentação, não apenas o varejo

“Eu não disse melhorar, eu não disse incrementar, eu sequer disse delivery”, a proposta segundo o public affairs, é muito maior. Com sua tecnologia, a intenção da marca é revolucionar toda a cadeia de alimentação.

Fundada em 2012, a empresa viu uma enorme curva de crescimento a partir de 2015, depois de lançar seu aplicativo.

O iFood é o app de entregas mais utilizado. Somente em março, foram mais de 17 milhões de pedidos. São mais de 66 mil restaurantes cadastrados e cerca de 120 mil entregadores, com disponibilidade em mais de 500 empresas, segundo os dados trazidos por Magnani. 

“E ainda há espaço para crescer”, acrescenta. São 5.570 restaurantes no Brasil. Pelo dados da Abrasel, também existe espaço para conquistar clientes, apenas 30% dos restaurantes utilizam serviços de entregas.

As perspectivas acerca da plataforma, além de seu sucesso na oferta de uma “solução completa para restaurantes, clientes e entregadores”, a fizeram alvo de investimentos. Em novembro de 2018, a Movile recebeu um investimento de 500 milhões de dólares para investir no iFood – esta foi a maior rodada de investimento da América Latina até então.

Especificamente, eles já até têm um direcionamento para o dinheiro injetado. A ideia é desenvolver quatro áreas de seu negócio: Expansão, Inteligência Artificial, Marketing e Logística.

Vitor ainda demonstrou como o iFood impacta no sucesso de seus clientes. “Nós ajudamos mais de mil restaurantes a alcançar um faturamento de mais de 1 milhão de reais”. Grande parte dos estabelecimentos cadastrados são micro e pequenos empreendedores – responsáveis “por 52% das carteiras assinadas no Brasil”.

Duas verticais criadas para solucionar os problemas de seus clientes foram: Meios de pagamento, na forma de uma “máquina de cartão de crédito para o entregador levar, ao invés de pegar a do salão”, e o iFood Shop, “que conecta o restaurante ao distribuidor”.

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos nos mercados de SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias e Educação

A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento que apresenta tendências e inovações do mercado condominial.

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