Qual o futuro do cartão de crédito?

Por: Heitor Facini4 Minutos de leituraEm 21/08/2019Atualizado em 27/11/2019

De acordo com dados do BCB (Banco Central do Brasil), em 2017, foram realizadas mais de 6 bilhões de transações via cartão de crédito no Brasil (sejam nacionais ou internacionais). O meio de pagamento já é completamente difundido e faz parte da cultura do brasileiro, já que, segundo dados da ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), dentre as pessoas que têm mais de 18 anos e vivem em cidades com 100 mil ou mais habitantes, 96% usam o cartão de crédito todo mês e 55% delas todos os dias.

“Os meios de pagamento eletrônicos representam hoje 36% do consumo”, declarou Eduardo Abreu, VP de Novos Negócios na VISA, bandeira responsável por 43,3% das transações em 2017. “A gente tem 1,5 trilhão de reais passando por meios de pagamentos eletrônicos e 1.5 passando em dinheiro pelo país. Existe ainda uma possibilidade imensa de crescer nesse aspecto”.

Pagamento é uma coisa muito importante na vida do brasileiro, tanto da empresa quanto do cliente”, lembrou Pedro Coutinho, CEO da GetNet. “Enquanto eu recebo apenas uma vez por mês, eu pago umas 5 vezes ao dia! A diferença é que quando alguém paga pelo cartão, fica mais fácil de eu extrair informações de consumo e melhorar o atendimento. É estratégico”.

“Quem vai decidir sempre vai ser o consumidor”, lembrou Felipe Maffei, Diretor de Negócios da ELO. “A nossa função é dar opções para ele escolher a melhor”. 

Eduardo, Pedro e Felipe participaram do painel “O futuro do cartão de crédito” no Superlógica Xperience 2019. Você pode conferi-lo na íntegra no vídeo abaixo. Para não perder nenhuma novidade do conteúdo publicado, se inscreva no nosso canal do youtube e assine o nosso podcast, “Economia da Recorrência”, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcast e todos os principais agregadores.

Como o cartão de crédito vai se comportar no setor de serviços?

O crescimento do cartão de crédito no Brasil se deve muito ao setor de varejo, com 89% dos estabelecimentos oferecendo essa forma para seus consumidores, primeiro lugar na preferência deles. Entretanto, ele está passando a ser implementado também no setor de serviços, batalhando diretamente com o boleto bancário

“Eu não gosto de falar que uma coisa vai substituir a outra”, afirmou Pedro Coutinho. “A Amazon não acabou com as lojas físicas, as ATMs não acabaram com as agências e o cartão de crédito não vai acabar com o boleto. As duas formas são complementares. Eu acho que o conectivo a ser usado é o ‘e’ e não o ‘ou’”. 

Felipe Maffei também concorda que não há essa extinção. “A gente ouve, há mais de 20 anos, que o dinheiro vai acabar, o boleto vai acabar, o cartão vai acabar, que uma forma de pagamento ia acabar e outra ia substituir”, lembrou. “Nada aconteceu! Quem toma a decisão vai ser sempre o consumidor. As soluções são complementares a cada momento”.



“Não é por que deu certo na China que vai dar certo no Brasil”

Um dos países que mais proporcionaram mudanças tecnológicas no mercado de pagamentos foi a China. Lá, existe um duopólio controlado por duas grandes companhias que realizam o pagamento instantâneo: AliPay e WeChat. Em 2018, a primeira tinha conseguido alcançar a marca de US$ 600 bilhões em transações. A segunda tinha, no segundo trimestre de 2017, 963 milhões de contas ativas. 

“Nos últimos 30 anos, a China passou por um crescimento imenso de renda per capita e da população bancarizada”, lembrou Pedro. “Por isso é um país completamente diferente do Brasil”. 

O processo de implementação de meios de pagamento instantâneo vai ser completamente diferente aqui. “O Banco Central do Brasil fez um grande movimento nos últimos anos, tentando acabar com a concentração em apenas um lugar. Por isso que, um duopólio, como o chinês não vai acontecer de novo. A gente busca competitividade, disputa e preços menores para o consumidor. São dois mercados completamente diferentes, com negócios e dinâmicas distintas”.

Outro fator importante é que na China não houve um meio como cartão de crédito. “O salto foi direto do dinheiro para o pagamento instantâneo. Então, não é porque funcionou lá que vai funcionar aqui da mesma forma”, disse Felipe. “Aqui, o cartão de crédito está enraizado, lá não”, completou Pedro. 

Eduardo também concorda e ressalta uma diferença importante: infraestrutura. “O salto não vai ser tão grande como lá, estamos nos preparando para isso. Entretanto, precisa garantir a segurança da infraestrutura de ambas as partes para tudo funcionar corretamente. Aqui, no Brasil, já temos isso garantido pelo cartão de crédito”. Ele ainda acredita que o impacto para o próprio brasileiro não vai ser tão grande assim. “Eu não consigo ver uma diferença tão grande para o cliente entre o QR Code e o cartão de crédito. Pro lojista vai influenciar, mas para o consumidor, nem tanto”. 

Precisamos focar bastante no consumidor

Segundo os painelistas, o futuro dos meios de pagamento é sempre melhorar a comodidade e a segurança para os consumidores. “Precisamos usar a tecnologia para fazer mais negócios e reduzir os problemas dos clientes. Esse tem que ser o nosso mindset, mantendo a segurança dos clientes. A gente vê casos de grandes empresas vazando dados e não podemos fazer isso”, ressaltou Pedro.

“Precisamos penetrar em regiões que nunca foram usadas e pensar em novos nichos”, lembrou Eduardo.  “O foco sempre tem que ser reduzir os gastos para o consumidor final”.

E, o Open Banking (sistema que vai ser implementado para tirar o monopólio das informações dos correntistas dos bancos e passar para o usuário, proporcionando mais soluções inovadoras), pode ser uma chance do consumidor ter as coisas no seu controle. “O banco não tem que ser o detentor das informações do cliente e sim o próprio cliente, que vai decidir o que fazer com ela. O Open Banking vai abrir muito espaço para isso”. 

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