Diversidade e inclusão no mercado de tecnologia. Entenda os desafios

Por: Heloísa Santos3 Minutos de leituraEm 01/09/2022Atualizado em 26/09/2022

O mercado de trabalho em tecnologia enfrenta um problema antigo: a falta de diversidade nas empresas. Um levantamento feito pela Brasscom, entre 2018 e 2019, com 845 mil profissionais de companhias de software e tecnologia, revelou que as mulheres ainda são minoria neste mercado, representando apenas 33% do quadro de profissionais. 

Conheça o Inadimplência Zero, a solução financeira que garante 100% da receita para o condomínio

E dentre as mulheres trans, há ainda mais dificuldade. Segundo o Mapeamento de Pessoas Trans no Município de São Paulo, de 2021, 63% das mulheres trans não têm estabilidade para garantir seu sustento. Por isso, iniciativas que busquem a inclusão de tais grupos são essenciais para mudar o mercado e a realidade. 

A Superlógica criou vagas afirmativas com intuito de tornar seus ambientes mais diversos e contribuir para a redução da desigualdade no mercado de trabalho. As vagas da empresa têm processos seletivos abertos para pessoas diversas, mulheres (cis ou trans), LGBTQIAP+, negros, indígenas, trabalhadores com mais de 50 anos e PcDs (Pessoas com Deficiência). 

“Sabemos que este ainda é um movimento inicial em prol da diversidade, equidade e inclusão. Para que um projeto deste porte dê certo, é necessário se aprofundar no tema com muito estudo, fóruns de discussões e envolvimento das lideranças. Mas vamos em frente”, afirma Anderson Entrielli, nosso líder do Comitê de Diversidade e product marketing manager.

Veja também: Live “Diversidade é Excelência” acontece na Superlógica

Para aprofundarmos a discussão, entrevistamos Daniele Dorval, engenheira de software com mais de 20 anos de experiência e mulher trans. Ela já esteve na Forbes e hoje realiza mentorias para outras mulheres trans se inserirem no mercado de trabalho de tecnologia. Inclusive colaborou para a Ahreas, uma das empresas do Grupo Superlógica. Confira nossa conversa.

Superlógica: Como foi seu contato com o mundo da tecnologia?

Daniele Dorval: Na minha adolescência, tinha muitos conflitos comigo mesma e problemas de identidade, não sabia como me identificar. Então, [para ignorar isso] entrei em um laboratório, me enfiei nos livros, aprendi o máximo e gostei muito da área de programação. Eu gostava de computadores, tive contato já no final dos anos 90. No Senai, nos anos 2000, aprendi a programar e foi paixão à primeira vista. 

Diversidade e inclusão no mercado de tecnologia
Daniele Dorval, engenheira de software, realiza mentorias para mulheres trans se inserirem no mercado de trabalho.

Superlógica: Quais foram os impactos da transição na sua vida profissional?

Daniele: Tive bastante apoio da minha esposa que me ajudou no processo e nas descobertas. Procurei uma psicóloga especialista em pessoas trans em 2020, antes da pandemia. E comecei a investigar o meu passado, tirando tudo o que estava guardado. Quando fui me assumir no trabalho, estava pronta para ser demitida. Eu sabia que iria afetar, apesar de toda a experiência que tinha… Achei que fosse ter preconceito. Mas o acolhimento da Ahreas foi surpreendente. Primeiro, porque descobri que tinha outra pessoa trans na empresa. E, quando falei com meu líder e RH que estava me assumindo, eles disseram: “é só isso? Pensei que você fosse pedir demissão. Só isso está tudo bem”. Foi um alívio. 

Antes da transição, meu LinkedIn bombava, era headhunter o tempo todo pedindo entrevista. Depois que me assumi trans, sumiram. Eu esperava um impacto, mas não tanto. Eu tinha noção dos meus privilégios quando era um homem hétero, mas não conseguia medir claramente. Depois que comecei a perceber… 

Superlógica: Como está o preconceito no mercado de tecnologia?

Daniele: Tem muitos entraves para entrar no mercado de tecnologia, inclusive para mulheres cis (que se identificam com o gênero dado no nascimento). Já ouvi falarem: “não vou contratar mulher porque engravida”, “não vou contratar duas mulheres juntas porque dá problema”. Tem muita história assim… pessoas que acham que mulher não consegue mexer no código e não tem expertise técnica. 

Não querem dar oportunidade para pessoas periféricas, diferentes e PcDs. Tem uma defasagem gigante no mercado nesse ponto. Algumas empresas estão começando a pensar mais na diversidade e a dar oportunidade para quem precisa. Mas ainda vejo muita gente que não pensa nisso. 

Leia mais: Superlógica Acelera faz sucesso e engaja participantes

Assuntos relacionados:

Leitura Recomendada