Diversidade no empreendedorismo: cenário e como incentivar

Por: Heloísa Santos4 Minutos de leituraEm 14/02/2020Atualizado em 20/02/2020

Com certeza você já ouviu falar em vários lugares sobre como a diversidade no  empreendedorismo é um fator que gera excelência e melhora organizações em vários aspectos. 

Segundo a Harvard Business Review, quando existe um ambiente diverso, a participação e engajamento crescem até 55% e 17%, respectivamente. Isso pode levar a um aumento de receita em até 4,5 vezes, de acordo com os dados da Hay Group.

Não são poucas as organizações que perceberam essas vantagens e tem buscado formar times inclusivos e promover ambientes acolhedores às diferenças. 

Mas muita gente não ficou esperando as empresas perceberem que deveriam ser mais inclusivas e já começaram a investir em seus talentos. A diversidade no empreendedorismo é ainda maior do que em organizações consolidadas.

A diversidade no empreendedorismo brasileiro

O último levantamento do Sebrae sobre demografia dos empreendedores brasileiros apontou aspectos importantes. Um deles é que 39,9% dos empreendedores são motivados por necessidade, e não oportunidade. Isso indica o longo caminho que ainda se tem para consolidar a diversidade nesse meio.

Outro dado é a maioria dos empreendimentos em fases iniciais serem comandados por mulheres, enquanto negócios mais maduros são capitaneados por homens. Segundo a análise do relatório, isso pode indicar que ainda há uma dificuldade de mulheres em penetrar certos espaços econômicos.

Além disso, no setor de startups, mulheres são donas de apenas 36% das empresas. Elas se concentram nos setores de LegalTech (25%) e EdTech (21%). 

Afroempreendedorismo movimenta trilhões 

Segundo a pesquisa A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, realizado pelo Instituto Locomotiva, os empreendedores negros já somam 14 milhões no Brasil. A mesma pesquisa indica que pessoas negras movimentam R$ 1,7 trilhão por ano. 

Esses dados corroboram o relatório Empreendedorismo no Brasil, de 2017, realizado pela Global Entrepreneurship Monitor em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O estudo indica indica que negros compõem cerca de 51% dos empresários brasileiros. No entanto, esse grupo é o que menos lucra, sendo também 60% dos que não lucram nada. 

Marilene Lima, especialista em administração e co-fundadora da Fundação Instituto de Negócios e Afroempreendedorismo (FUNAFRO), explica que ainda falta planejamento e metodologias para projetar os objetivos desses empreendedores. 

“Se empreender por necessidade é uma forma de ganhar uma grana, é preciso estar blindado de riscos por meio de governança corporativa, planejamento estratégico e metodologia”, explica.

Acelerando o afroempreendedorismo

Nesse contexto, foi criada a FUNAFRO, que trabalha com a “aplicação de oficinas práticas, desenvolvimento com começo, meio e fim, emancipando o empresariado negro a dirigir o seu próprio negócio de forma sustentável e pensando em sucessão para a próxima geração”, explica Lima. 

Outra iniciativa de incubação e aceleração de afroempreendedorismo, que já atua há 18 anos é a Feira Preta, realizada pelo Preta Hub. O evento tem o objetivo de dar visibilidade às iniciativas comandadas por negros e promover a educação empreendedora, com eventos e atividades em todo o Brasil.

Atrelado ao Feira Preta, foi criado o Fundo Éditodos, que agrupa doze entidades que doam recursos para acelerar projetos. Até agora, 130 iniciativas já foram beneficiadas, impactando 250 mil pessoas. 

Em Campinas, foi criado o primeiro coworking para empreendedores negros, o Black Space Group, um espaço de fomento para quem deseja começar ou aumentar uma empresa. Iniciativas como essa se replicam em todo o mundo ocidental, incentivadas pelo movimento “Black Money”, nascido nos EUA.

No setor da tecnologia da informação, o Preta Lab, apoiado pelo Olabi e Ford Foundation, tem se firmado como referência de produção de dados sobre a situação de mulheres negras, além de estimular a inclusão delas em empresas do ramo. A iniciativa também atua na aproximação de meninas e mulheres do ramo da tecnologia e inovação. 

Mulheres empreendedoras mudando o mundo

Em uma pesquisa sobre lideranças femininas, a pesquisadora Joanna Barsh, da McKinsey, verificou que a presença de mulheres líderes transforma corporações e o próprio mercado. E existe, segundo ela, muita vontade entre as mulheres de promover essas mudanças

O estudo indica cinco qualidades importantes que podem ser encontradas em lideranças femininas: 

  • Liderar com foco em significado e propósito;
  • Transformar desafios em oportunidades;
  • Alavancar a confiança;
  • Mobilizar através da esperança;
  • Injetar energias positivas e renovação.

Camila Achutti, CEO & Founder da Mastertech, em palestra realizada no HR4results explica que o desenvolvimento da tecnologia que conhecemos se deu no período de guerra. A mão de obra disponível para trabalhar nisso era composta, basicamente, por mulheres, PcDs e LGBTs. 

Assim, as bases do desenvolvimento de software e os primeiros códigos foram feitos por mulheres. Archutti explica que é preciso desenvolver soluções para problemas de mulheres, minorias étnicas-raciais, pessoas com necessidades especiais, etc. 

E não falta boa vontade delas em inovar: apesar das dificuldades, elas correspondem a 35% dos empreendedores no país, totalizando 23,9 milhões de mulheres em 2017, de acordo com o Sebrae.

Como investir em diversidade

Adotar políticas de diversidade ainda não é uma realidade em todas as empresas. Regina Lopes, gerente de marketing da Superlógica, aponta que muitas dessas mudanças ocorrem principalmente em grandes empresas e startups: “as médias e pequenas empresas ainda não tem a visão clara de como um time plural pode trazer mais produtividade e soluções inovadoras”.

As recomendações da Harvard Business Review incluem começar aos poucos, por ações simples e estabelecer “guardiões” dos princípios, para identificar falhas e desenvolver os grupos. 

Estabelecer programas para PcDs (Pessoas com Deficiência), treinamentos com os colaboradores para lidarem e entenderem a importância da inclusão e ter critérios claros para promover a diversidade nas etapas de recrutamento e seleção.

Em empresas que já estabeleceram padrões iniciais de apoio à diversidade, é bom começar a pensar em programas mais abrangentes, como:

  • equiparação salarial entre homens e mulheres (se ainda não existe);
  • incentivo à participação de mulheres em cargos de gestão e liderança;
  • reflexos em benefícios e remuneração; 
  • criação de modelo de competências, de forma a incluir a diversidade e abertura à ela em qualidades a serem observadas nos colaboradores.

Regina Lopes, explica que, em sua trajetória, foi muito importante que as empresas fossem o mais claras possíveis sobre como encaram a diversidade. “Já declinei de vagas onde percebi que o posicionamento não existia e senti, pela reação do entrevistador, que a minha orientação seria um empecilho para a contratação”, conta.

“Obviamente que ser assumidamente lésbica facilita o esclarecimento antecipado, por isso é tão importante as empresas expressarem claramente sua cultura. Para que pessoas que se sintam à vontade para debater o assunto em uma entrevista e tenham a segurança que estarão resguardadas caso sejam contratadas.”, afirma Lopes.

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos nos mercados de SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias e Educação

A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento que apresenta tendências e inovações do mercado condominial.

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