A mais nova (e necessária) transformação das administradoras de condomínios
Por muito tempo, o papel das administradoras de condomínios limitava-se ao gerenciamento financeiro dos clientes (emissão de cotas, contas a pagar, prestação de contas), ao processamento da folha de pagamento, à assistência nas assembleias e afins. Não era pouco, nem muito – era o que se esperava delas.
Nos últimos anos, com a consagração dos smartphones e o acesso facilitado às novas tecnologias, os serviços digitais passaram a ser ofertados massivamente na sociedade. E diferentes mercados, em seus mais variados níveis, começaram a usufruir das soluções revolucionárias, muitas delas disruptivas, que moldaram o mindset do mundo contemporâneo.
Vivemos a era das soluções instantâneas, eficazes e convenientes, em que as nossas necessidades são resolvidas de forma ágil, desburocratizada e com o mínimo de esforço. Processos analógicos envolvendo braços e muitas horas de trabalho foram digitalizados, exatamente para facilitar a vida moderna.
As mudanças de paradigmas permitiram que o carro particular virasse um táxi mais eficiente do dia para a noite, fizeram explodir as possibilidades de comunicação na palma da mão, viabilizaram tudo aquilo que eu e você já sabemos, e, claro, chegaram ao mercado imobiliário. Ah, e não só com as plataformas de comercialização e gestão, mas também nos condomínios.
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São cada vez mais numerosos, hoje – e serão cada vez mais comuns, amanhã –, os lançamentos imobiliários de produtos sofisticados, digitalizados por meio de sistemas e controles prediais com a utilização de IoT (Internet das Coisas). E eles serão também mais desafiadores na sua operação, como acontece com os empreendimentos multiúso (que mesclam ocupação residencial, corporativa e hoteleira, por exemplo).
Além disso, as incorporadoras são muito criativas em propor novos conceitos em seus projetos, visando mais qualidade de vida, bem-estar e conveniência para os futuros moradores. O que nos conduz à seguinte pergunta: onde a administradora de condomínios entrará nessa história? E mais: o que ela deverá fazer para continuar relevante no novo cenário?
Bom, primeiro, para aqueles que sentem um arrepio só de ouvir a palavra “tecnologia”, uma boa notícia: não se espera nem das administradoras mais antenadas o desenvolvimento de uma inovação própria, que exija a contratação de programadores e a locação de uma garagem ao estilo do Vale do Silício…
As soluções que já existem ou que estão sendo criadas vêm prontas, foram pensadas para o usuário final e, em geral, são práticas e simples. E, se olharmos para o universo das startups, com tanta criatividade e velocidade envolvidas, estabelecer parcerias dentro do ecossistema tende a ser algo bem mais interessante do que pensar em novas soluções sozinho.
Voltemos às perguntas sobre as novas funções das administradoras no mercado atual. O que me parece claro é que as empresas que estarão mais bem avaliadas no futuro próximo, e terão seu trabalho reconhecido por síndicos e moradores, serão aquelas que, além de fazer o básico bem feito, possuírem uma visão mais ampla da atividade, assumindo a gestão dos diversos componentes da vida condominial.
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Novamente, não é pouco, nem muito – é o que se espera delas. Com todos os movimentos atuais, é imperativo que a administradora de condomínios se reposicione estrategicamente, levando em consideração a mudança de comportamento do cliente em relação à aquisição e utilização de bens e serviços.
Assim como um maestro dita o ritmo da música e coordena os diversos músicos com seus instrumentos, entregando à plateia uma experiência inesquecível, o novo papel da administradora é ser uma orquestradora de tecnologias, serviços e experiências. E todas as áreas tradicionais da administradora continuam importantes, mas com o avanço da digitalização, algumas novas passam a ser mais estratégicas para ampliar os negócios e, principalmente, fidelizar os clientes.
Se, antes, a administradora trabalhava da porta para dentro do seu negócio, agora é fundamental ampliar seu raio de ação e ir além, ajudando a melhorar a operação do condomínio e os diversos serviços de que os moradores precisam. A gestão operacional, que cuida para que tudo funcione no empreendimento, e a gestão social, que atende as demandas das unidades e ajuda os moradores a conviverem melhor, serão cada vez mais valorizadas pelos clientes, sejam síndicos ou condôminos.
Parece um desafio, mas é, acima de tudo, uma oportunidade. Pense na quantidade de novos serviços, produtos e inovações que estarão em milhares de condomínios em pouco tempo. Hoje, muita novidade já se encontra no mercado, mas não com foco nos condomínios. Por isso, é fundamental refletir sobre as soluções inovadoras ligadas à eficiência e comodidade que você apresenta no seu portfólio para mostrar aos futuros clientes. Quantos cases de conveniência e bem-estar associados à tecnologia você tem para replicar em novos condomínios?
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Não se trata de exibicionismo nem deslumbre com o novo, mas de um diferencial competitivo. Quem enxergar isso antes, larga na frente e aproveita as oportunidades. Quem enxergar depois, perde o bonde, concorre sem vantagem e, ao invés de entregar inovação, entregará commodity. Quem não enxergar nunca, correrá riscos que nunca correu.
Fica aqui um convite para você refletir sobre o futuro do negócio, preparar a evolução da sua oferta de serviços e aumentar a rentabilidade da administradora. Você conhece as dores diárias dos seus clientes? Sabe quais são as necessidades dos moradores? Já mapeou as potenciais soluções para aperfeiçoar a gestão e dar um salto de qualidade no jeito de administrar, viver e conviver dos seus condomínios? Pense nisso.