Como identificar fake news sobre COVID-19

Notícias falsas têm um alto poder de penetração na sociedade. Além dos danos habituais que essas fraudes têm na sociedade, o impacto pode ser ainda maior em tempos de crise, como a pandemia de COVID-19. Para evitar a propagação de mentiras, todos devem aprender como identificar fake news e checar seus fatos.

Os boatos sempre fizeram parte da humanidade. Entretanto, com as redes sociais essa prática, antes realizada apenas dentro de um pequeno grupo de pessoas, passou a ser disseminada na internet sem controle algum. Hoje em dia, esses boatos são conhecidos como fake news, ou notícias falsas, e podem prejudicar tanto empresas quanto pessoas físicas.

No Irã, por exemplo, um boato sobre o tratamento do COVID-19 causou mais de 40 mortes. A notícia dizia que o álcool era efetivo no combate ao novo coronavírus. Porém, como bebidas alcoólicas são proibidas no país, muitas pessoas recorreram ao consumo de álcool puro e produtos de limpeza.

O que é uma notícia falsa?

A notícia é um gênero básico da prática jornalística, com os fatos sendo as unidades básicas que orientam sua construção. A premissa é de que as informações sempre passem por uma checagem sobre a veracidade, fundamentadas em dados, pesquisas e pessoas com autoridade agregá-la.

Nas notícias falsas, no entanto, esses elementos são fraudados, omitidos ou descontextualizados. Em grande parte dos casos, as fake news têm o objetivo de prejudicar ou manipular uma situação ou indivíduo, favorecendo os interesses de quem espalhou a notícia falsa.

As pessoas são mais suscetíveis a compartilhar informações que estejam de acordo com suas opiniões, por isso as fake news são tão disseminadas. Quem cria uma fake news, conta com a ajuda de quem vai propagar esse conteúdo falso sem checar a veracidade dos fatos.

Muitos sites e blogs, responsáveis por criar e disseminar fake news, usam nomes e cores que se assemelha ao de grandes veículos de comunicação. O objetivo é dar a falsa sensação de que a notícia vem de uma fonte verídica. Por isso, é tão importante checar em diversas fontes para confirmar se aquela notícia é verdadeira antes de compartilhar com outras pessoas.

Segundo uma pesquisa realizada pelo MIT nos Estados Unidos, as fake news se espalham 70% mais rápido do que notícias verdadeiras. Segundo os dados, captados do Twitter, enquanto cada publicação verdadeira atinge, em média, mil pessoas, as postagens falsas atingem de mil a 100 mil pessoas.

Os danos das fakes news comprometem a credibilidade das empresas

Os danos das fake news podem ser irreversíveis para a credibilidade de uma pessoa ou de corporações. Grandes empresas globais já tiveram suas reputações manchadas e reverter essa situação requer uma boa gestão de crise para refutar os boatos.

De acordo com a pesquisa “Fake News: Desafio das Organizações”, realizada em 2018 pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), 91% das empresas entrevistadas afirmam que os os principais danos das fake news estão diretamente ligados à reputação da marca. 77% apontam danos à imagem da empresa. 

Tais consequências, na credibilidade da marca, podem gerar uma crise financeira. Afinal, as pessoas podem parar de consumir um produtos ou serviços associados à empresa por conta de uma notícia falsa que foi disseminada na internet.

No Brasil, não existe uma lei específica para punir criminalmente autores e disseminadores de fake news, com exceção dos casos eleitorais. Por isso, advogados têm baseado nos denominados crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria). 

Todos, se comprovados na justiça criminal preveem penas abaixo de quatro anos, por isso podem ser convertidas em prestação de serviços. Além disso, o responsável pela autoria e disseminação pode ser obrigado a pagar uma indenização à pessoa ou empresa atacada..

Além de buscar pelo julgamento de quem a prejudicou, a empresa precisa fazer um trabalho de reparo à sua imagem. Apostando principalmente na disseminação das notícias verdadeiras nas mais variadas mídias e veículos de credibilidade.

Como identificar fake news e evitar sua disseminação

A melhor estratégia contra a disseminação de fake news é aprender como apurar se o conteúdo é verdadeiro ou não antes de compartilhar em suas redes sociais. 

Existem alguns padrões que tornam o reconhecimento de uma notícia falsa mais fácil. Quando identificados, eles incentivam a busca por fontes confiáveis para averiguação. 

A melhor maneira de identificar a veracidade de uma notícia é:

1. Atentar-se aos títulos;
2. Conferir as datas da publicação;
3. Verificar o site acessado;
4. Procurar por erros ortográficos em excesso;
5. Confirmar o fato em outras mídias;
6. Conferir o que dizem as agências de checagem de fatos.

Agora, confira em detalhes cada um desses itens, incluindo as principais agências de checagem de fatos para consultar:

Atenção com os títulos

Sites que disseminam fake news abusam dos títulos sensacionalistas, os chamados click baits (em português, iscas de cliques). Na maioria das vezes, eles não condizem com aquilo que está na reportagem. Por isso, é importante ler o conteúdo completo para entender se é uma informação verdadeira ou não.

Confira a data da publicação

Em alguns casos, as notícias podem até ser verdadeiras, mas são de anos atrás. Os cenários políticos, sociais e econômicos mudam muito rápido e, muitas vezes, notícias antigas não representam a realidade vivida no presente. Sempre verifique a data da publicação e identifique se ela faz sentido para o contexto atual.

Verifique o site

Veja se você conhece o site onde a notícia está veiculada. Se não reconhecer, navegue pelo site e busque pelo “quem somos” para entender a sua finalidade e conhecer equipe que produz os conteúdos. Também preste atenção nos alertas do navegador, o cadeado na barra de endereço normalmente indica sobre segurança daquele site. 

Fique atento, muitos sites disseminadores de fake news usam URLs (endereços) muito similares aos de grandes veículos, alterando apenas uma letra ou símbolo. Com isso, leitores podem erroneamente disseminar uma notícia fraudulenta, achando que vem de uma fonte confiável.

Erros ortográficos em excesso

As reportagens de cunho jornalístico prezam pelo uso correto do vocabulário e das normas gramaticais – por mais que alguns erros possam passar despercebidos. Sites propagadores de fake news não dão essa mesma importância, preocupando-se mais nas manchetes sensacionalistas.

Ao ler uma notícia de procedência duvidosa, confira se há muitos erros ortográficos, gramaticais e de concordância. 

Verifique em outras mídias

A notícia no meio digital ganha escala de maneira impressionante. Se por um lado notícias falsas espalham-se com mais facilidade, as verdadeiras não deixam de correr rápido. Poucas horas depois de um furo, outros jornais estarão reproduzindo a notícia, dependendo de sua importância. Por isso, sempre verifique se a informação está sendo passada em outros lugares confiáveis.

Também, as redes sociais, além de facilitar muito o compartilhamento de notícias, também facilitaram a disseminação de fake news. Sempre pense duas vezes antes de compartilhar algo no Facebook ou retweetar. 

Outra alternativa também é buscar por outros formatos como jornais impressos, televisão, rádio entre outros, a veracidade daquele conteúdo. Quando é uma notícia relevante, certamente outros noticiários irão abordar o assunto para esclarecer o fato.

Busque em agências de checagem de fatos

Finalmente, existem algumas agências de checagem de fatos que foram criadas para combater a propagação desse mal contemporâneo. As equipes, na maioria dos casos, são formadas por jornalistas que verificam a origem daquela informação. Algumas dessas plataformas são: 

• Fato ou Fake;
• Comprova;
• Truco;
• Aos Fatos;
• Lupa;
• FakeCheck;
• Boatos;
• E-farsas; 
• UOL Confere. 

As plataformas de redes sociais como Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter também têm criado ferramentas para combater fake news e ajudar a diminuir o compartilhamento de informações falsas. Para auxiliar nessa missão, ao identificar uma notícia falsa dentro da plataforma, é possível realizar a denúncia. Assim, todos podem ajudar na luta contra as notícias falsas, evitando prejudicar pessoas e empresas.

E lembre-se sempre: O compartilhamento de fake news auxilia na manutenção de calamidades públicas, podendo agravá-las dependendo do teor da mentira!

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