Organizações exponenciais: acelerando o seu modelo de negócio

Por: Heitor Facini8 Minutos de leituraEm 03/08/2018Atualizado em 21/05/2020

Já parou para perceber que as empresas estão se tornando bilionárias muito mais rapidamente? Se antes, para se tornar uma líder de mercado, eram necessários muitos anos de experiência e autoridade, hoje em três anos empresas se tornam unicórnios. Essas são as chamadas empresas exponenciais.

“Em 2009, tínhamos apenas 1 unicórnio no mundo”, declarou Arthur Igreja, co-fundador da AAA. “Se a gente for olhar nos últimos 18 meses, a gente vê que surgiram pelo menos 185 casos de unicórnios novos”.

Mas o que vem causando esse processo? Arthur discutiu isso em sua palestra “Organizações exponenciais: acelerando seu modelo de negócios” no Superlógica Xperience 2018. Nela, ele contou o segredo dessas empresas e como estão fazendo para conseguir crescer mais rápido.

Você pode conferir a palestra completa, que foi a mais bem avaliada de todo o evento, no vídeo abaixo e acompanhar os principais pontos dela nesse artigo. Quer já confirmar a sua presença no Superlógica Xperience 2019? Então corra e garanta seu lugar. Não se esqueça também de se inscrever na nossa newsletter  ao longo do post para receber todas as novidades sobre o próximo evento. Ao fim dele, é possível preencher um formulário para receber o PDF da palestra em seu e-mail. 

O que são empresas exponenciais?

Para explicar o conceito, Arthur citou uma parábola utilizando uma das mitologias em torno da criação do xadrez. Segundo ele, há 1500 anos, um imperador estava deprimido. Ele convocou seu império para a criação de um jogo que o entretesse. Um de seus ministros apresentou o jogo de xadrez a ele. O rei ficou maravilhado, entretido e saiu da depressão.

Como recompensa, o ministro teria direito a qualquer coisa que pedisse. “Podiam ser os tesouros do castelo, podia ser a mão de qualquer uma de suas filhas, qualquer coisa era dele”, contou.


Entretanto, o ministro pediu algo diferente. Ele queria um tabuleiro de xadrez que fosse preenchido da seguinte forma: na primeira casa ele colocaria 1 grão de arroz, na segunda 2 grãos de arroz, na terceira 4 grãos de arroz, na quarta 8 grãos de arroz e assim por diante. Surpreso com a pedida humilde, o rei atendeu na hora. Só não tinha percebido uma coisa.

No início, eram necessários apenas algumas xícaras de arroz. Depois, se transformaram em alguns baldes. Na trigésima casa, não haveria arroz suficiente em toda a Europa para pagar essa dívida. Se fosse até a 64ª casa (última do tabuleiro) seriam 92 bilhões de aviões carregados de arroz. Ou seja, sem nem ao menos perceber, ele entregou o império dele.

Mas o que isso tem a ver com o mundo dos negócios? “Essa é a velocidade com que os negócios com tecnologia estão crescendo: exponencialmente. Isso tudo mantendo seu custo”, respondeu Arthur. “Existem muitos reis e imperadores de seus próprios negócios perdendo para ministros que vem tomando o seu lugar”.

Para demonstrar isso, ele usou o exemplo dos unicórnios citado no início do texto. “Ano passado, uma empresa conseguiu essa façanha em apenas 276 dias”, lembrou. “Isso é parte de algo muito maior. O mundo como um todo se tornou algo mais veloz.

Segundo ele, essas empresas exponenciais estão crescendo tanto porque estão encontrando brechas que as grandes não estão vendo. “Se fosse para fazer a mesma coisa que as gigantes, elas seriam esmagadas pela escala que elas proporcionam”, destacou.  

A empresa exponencial precisa sempre se questionar

A primeira grande lição que ele destaca em uma empresa exponencial é a capacidade de questionar constantemente. O exemplo usado é a Uber, que, se não destruiu, pelo menos modificou o mercado de táxis no mundo.

Hoje, ela detém  25% de todas as corridas realizadas pelos motoristas através do aplicativo. “É um modelo de negócios super produtivo”, afirmou. Porém, eles perceberam que, em algum momento, alguém ia começar a monetizar os 75% restantes.

“Como faz isso? Tirando o ser humano que está dirigindo”, explicou. Por isso, em 2016, a Uber comprou a Otto, empresa que realizou naquele mesmo ano a primeira entrega através de caminhões autônomos do mundo. Assim, a Uber planeja este ano, dois anos após a aquisição, colocar mais de 23 mil carros autônomos em circulação nos Estados Unidos.

Com isso, a empresa que já havia revolucionado um mercado (o de transporte), acaba revolucionando mais uma vez e prevendo que outra roube o seu lugar.

Uber Air é mais revolucionário ainda

Outra sacada da empresa é a de tentar acabar ou diminuir o trânsito. Em 2018, começa a funcionar nos Estados Unidos o Uber Air. Funciona da mesma forma que o Uber, só que em vez de carros, seriam drones elétricos com capacidade para quatro pessoas circulando pelos céus dos Estados Unidos.

Arthur fez uma analogia em relação aos prédios e casas. “Inicialmente, foi percebido que não havia mais espaço para todo mundo morar em casas. Por isso, com invenção do aço criamos casas multi-layer, ou seja, prédios”, explicou. “Da mesma forma, o Uber está fazendo isso criando um trânsito 3D. São os prédios do trânsito”.

O objetivo é que, em 5 anos, as tarifas sejam as mesmas do Uber Select.

É sempre necessário se adaptar e monitorar tecnologias emergentes

Um dos exercícios que ele incentiva todas as empresas a fazer é monitorar tecnologias emergentes. “Se você construir um negócio estável, não quer dizer que você descobriu uma receita que vai durar por muito tempo”, alertou. “É por isso que empresas como a Microsoft e IBM estão no jogo há muito tempo: elas entendem que o jogo muda”. Adaptação é uma das principais características das organizações exponenciais.

Ele usa novamente o exemplo do Uber. Ele só surgiu por conta da inovação de três coisas: GPS, smartphones e sinal de 3G nas cidades. “Há 20 anos, o problema era encontrar um taxista que não sabia onde ficava tal endereço. Hoje o problema é achar um taxista que sabe onde fica e não usa o GPS para chegar”.

A maioria das empresas não sabe qual é o negócio delas

O principal problema para não se monitorar essas novas tecnologias está relacionado ao fato de a maioria das empresas não saber qual valor entrega. Por exemplo, na década de 1940, a Pennsylvania Railroad transportava 40% das pessoas de Nova York. Mas pouco tempo depois, a empresa foi à falência.

“O grande erro foi que ela se definia como uma empresa de trens”, explicou. “O negócio dela não são trens de forma alguma. Ela levava uma pessoa de um ponto ‘a’ até um ponto ‘b’”.

Isso aconteceu pois surgiu uma tecnologia exponencial chamada carro. Em 1 ano eram 8 mil carros. Em 7 anos, esse número passou a 8 milhões. Ou seja, a empresa se definiu pela tecnologia e passou a não entregar valor com o serviço. O correto é utilizar a tecnologia como facilitadora para impulsionar o seu negócio e não se definir por ela.

Como encontrar uma oportunidade disrupção

Arthur destacou três grandes características de mercados que sofrem disrupção: eles são bem grandes, não mudam mais de 5 anos e tem chavões muito bem estabelecidos. Por exemplo, o mercado de seguros. São 4 grandes chavões:

  1. Contratos anuais;
  2. O preço é semelhante;
  3. É necessário corretor;
  4. A apólice é do carro e não sua;

Uma empresa inverteu essa lógica: a Metromile. O serviço dela é baseado no funcionamento do celular com GPS, giroscópio e acelerômetro. Ao entrar em um carro para dividir, você liga o aplicativo e aciona o seguro. A partir disso ele calcula a sua taxa como se fosse um taxímetro. Por exemplo, se você está abaixo da velocidade, o risco é baixo e a taxa também. Se está acima da velocidade, o risco é grande e a taxa cobrada aumenta. Saiu do carro? Só desligar o seguro. A partir disso, você é cobrado do uso que faz do serviço. Tem como competir com isso?

Eles pegaram os chavões do mercado de seguros e quebraram todos. Não é mais necessário fazer contratos de um ano, o preço varia conforme o uso, não precisa de corretor e a apólice passa a ser sua.

Empresas precisam focar em relacionamento

Outro ponto que ele focou é que de nada vale tecnologia inovadora se o relacionamento com o usuário é deficitário. Por exemplo, o caso do Google. Ele fez uma dinâmica perguntando se alguém, nos últimos 6 meses, usou um buscador que não o deles. Apenas 3 pessoas levantaram a mão.

“Não é o tipo de empresa que a gente quer? Google é a melhor empresa de relacionamento do mundo!”, declarou. “Ninguém procura ou sabe que existem concorrentes deles. No máximo lembram do Bing”.

Isso por que eles acompanham o usuário aonde eles vão com o Maps, usam sabem aonde eles irão com o Calendar e por aí vai. “Por isso, para ter recorrência e fidelidade, não adianta falar com o usuário quando ele cancela, quando acontece o churn. Provavelmente, você nunca se aproximou o bastante dele”.

A inteligência artificial ajudará a escalar, mas não substituirá tudo

Uma das tendências que ele apontou é que os setores das empresas serão bem mais enxutos. As funçõe serão replicadas e digitalizadas por meio de inteligência artificial. “Não serão mais exércitos e sim times cheios de atiradores de elites”.

Isso fará com que os negócios sejam potencializados e cresçam muito mais rápido que hoje em dia. Mas, a inteligência artificial não vai substituir tudo. “O que for relacionamento não durável vai passar a ser digitalizado. Aquilo que não agrega nada”. Ele usou o exemplo do Google Duplex, que faz uma ligação para marcar um corte de cabelo, e do Reclame Aqui, que criou um bot de cancelamento de serviços.

Aqui está o vídeo da inteligência artificial do Google.

Aqui está o cancelador de serviços do Reclame Aqui.

Esses dois casos mostram relacionamentos que não agregam em nada. São apenas chateações que podem ser retiradas por meio da tecnologia. Entretanto, relacionamentos que são de verdade continuam. “Tudo aquilo que é escasso, como o tempo, acaba sendo valorizado”.

Por isso, construa times com mentalidades diferentes

Um dos grandes diferenciais de empresas exponenciais é conseguir construir times com diversidade na mentalidade. “Não adianta ter apenas gente de inovação dentro da sua equipe. É importante ter gente mais experiente que consiga entender os negócios”, atentou. “E por experiência, não quero dizer idade. Experiência vem de experimentar, errar e conseguir de novo”.

Segundo ele, as empresas exponenciais surgem dessa diversidade. Normalmente, as pessoas mais experimentadas do mundo dos negócios são menos digitais que os que vem com uma mentalidade inovadora. Isso acontece porque experiência de mercado é algo que leva algum tempo para conseguir se solidificar. Por isso, é importante conseguir balancear esses dois lados: gente com tato para os negócios e pessoas com tato para a inovação digital.

O atrito permite que surjam novos negócios

Outro exemplo que ele utilizou foi do Nubank e das fintechs. O que o Nubank oferece? Um cartão de crédito. Não tem nada de inovador nisso. “O cartão de crédito foi criado em 1920 e foi popularizado na década de 50. São quase 100 anos de idade”, ele declarou.

Mas o sucesso não veio da criação do cartão. Eles disponibilizaram um sistema que, apenas por meio do aplicativo, é possível pedir um cartão, bloquear, cancelar uma compra e muito mais. No caso de um cartão tradicional, para pedí-lo, é preciso ligar para um 0800 ou na própria agência. Para desbloqueá-lo, é necessário ir na mesma agência. Ou seja, muita complicação.

“Ninguém gosta de ir ao banco. Nenhuma pessoa vai ficar feliz de falar no churrasco de fim de semana que foi duas vezes ao banco para conseguir resolver algum problema”, comentou. “Por isso, muitas fintechs viram uma oportunidade de atuar nesse mercado. No caso do Nubank, não foi necessário criar um serviço novo e sim trazer uma experiência mais agradável para um serviço antigo”.

Além do Nubank, que hoje é uma empresa milionária, outro unicórnio brasileiro surgiu desse meio: o PagSeguro. De acordo com o Mapa das Fintechs, realizado pelo Finnovation, são quase 400 empresas atuando no ramo no Brasil, como por exemplo o PJBank. Isso mostra como a insatisfação com os bancos vinha sendo grande no país.

Por fim, existe algo que nunca vai ser digitalizado

Arthur finalizou sua palestra destacando que uma característica nunca vai ser digitalizada e é essencial para empresas exponenciais: atitude. “Você pode ter o conhecimento, pode ter tudo, mas vai depender de você fazer isso funcionar”, declarou.

A parte humana é a mais essencial nessa equação. Ela que vai fazer as perguntas, vai perceber as tecnologias emergentes e vai perceber disrupção em mercados que não são inventivos. “Em sua vida inteira, você tem um potencial a atingir. Só depende de você alcançá-lo ou não”, concluiu.

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão (ERP) líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos em cinco segmentos de mercado: SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias, Educação e Empresas de Comunicação Visual.

A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento itinerante falando sobre a transformação digital e os desafios do mercado de condomínios.

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