Entenda por que sua empresa SaaS precisa utilizar metodologias ágeis

Por: Grupo Superlógica6 Minutos de leituraEm 15/12/2021Atualizado em 15/12/2021

Qualquer pessoa com algum conhecimento sobre o mercado da tecnologia já ouviu falar nas metodologias ágeis.

Apesar disso, nem todo mundo sabe realmente o que está por trás delas, ou seja, quais os conceitos que as norteiam.

Neste artigo, vamos explicar as principais ideias das metodologias ágeis e por que elas têm tudo a ver com o modelo de negócio de software as a service (SaaS).

Boa leitura!

O que são as metodologias ágeis?

“Metodologias ágeis” é um termo guarda-chuva, usado para designar uma série de práticas e frameworks de gestão de projetos e processos, baseados nos valores e princípios expressos no Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Softwares (Manifesto for Agile Software Development).

O manifesto foi escrito em 2001 e assinado por 17 desenvolvedores que entraram em consenso sobre quatro valores a serem priorizados para melhorar o desenvolvimento de softwares:

  • Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
  • Software em funcionamento mais que documentação abrangente
  • Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
  • Responder a mudanças mais que seguir um plano

Embora existam alguns mais populares, qualquer conjunto de métodos — inclusive uma metodologia interna, criada por um gestor da sua empresa, por exemplo — que siga os princípios do manifesto pode entrar no grupo das metodologias ágeis.

Afinal, o mais importante não é a forma, e sim o propósito. O nome do conceito pode dar a entender que o mais importante é a velocidade, mas não se trata disso, e sim de reconhecer a realidade dinâmica da tecnologia, do mercado e do comportamento humano.

Os criadores do manifesto entendiam que o modelo tradicional de desenvolver softwares não fazia mais sentido.

Como era esse modelo? O projeto era concebido, desenvolvido, entregue e testado, nessa ordem, em um sistema que gerava o grande risco de a solução desenvolvida depois de tanto tempo ser obsoleta ou não atender as necessidades do usuário.

Isso porque, depois de meses ou anos de projeto, muita coisa pode ter mudado e as premissas iniciais podem ter perdido a validade.

A solução proposta nas metodologias ágeis é um modelo em que as etapas de concepção, desenvolvimento e testes são mescladas — com diferentes momentos de entregas ao longo do projeto.

Assim, fica muito mais fácil adaptar o software às mudanças que se apresentam e aos insights gerados pela experiência do usuário.

Para citar um exemplo, uma das ferramentas usadas em algumas metodologias ágeis é o MVP, em que se desenvolve um protótipo navegável em tempo curto, para testar as hipóteses antes do desenvolvimento de fato.

12 princípios das metodologias ágeis

Para entender melhor as ideias que expressamos acima, veja quais são os 12 princípios do desenvolvimento ágil de softwares que constam no manifesto:

  1. Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.

  2. Mudanças nos requisitos são bem-vindas, mesmo tardiamente no desenvolvimento. Processos ágeis tiram vantagem das mudanças visando vantagem competitiva para o cliente.

  3. Entregar frequentemente software funcionando, de poucas semanas a poucos meses, com preferência à menor escala de tempo.

  4. Pessoas de negócio e desenvolvedores devem trabalhar diariamente em conjunto por todo o projeto.

  5. Construa projetos em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte necessário e confie neles para fazer o trabalho.

  6. O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de desenvolvimento é através de conversa face a face.

  7. Software funcionando é a medida primária de progresso.

  8. Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente.

  9. Contínua atenção à excelência técnica e bom design aumenta a agilidade.

  10. Simplicidade — a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado — é essencial.

  11. As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto organizáveis.

  12. Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz e então refina e ajusta seu comportamento de acordo.

Metodologias ágeis e SaaS

É difícil imaginar que uma empresa de SaaS (software as a service) não utilize metodologias ágeis em seu dia a dia e tenha sucesso.

Afinal, esse modelo de negócio depende totalmente da resolução das dores do cliente, de que o usuário julgue que pagar a assinatura da plataforma mensalmente vale a pena ou é necessário.

E isso tem tudo a ver com as metodologias ágeis, porque a prioridade delas não é desenvolver em um tempo reduzido e a baixo custo, e sim de uma maneira que permita validar repetidas vezes se o que está sendo desenvolvido efetivamente é o que o usuário quer/precisa.

Sem essa dinâmica de validação constante, o desenvolvedor de um negócio SaaS precisaria ter muita sorte para acertar na mosca e oferecer o produto perfeito apenas com base na sua pesquisa e intuição.

Exemplos de metodologias ágeis

A seguir, apresentamos algumas das metodologias ágeis mais usadas no mercado de SaaS e da tecnologia em geral.

Vale observar que muitas delas são complementares, ou seja, você não precisa optar apenas por uma, e sim por um conjunto de metodologias que fazem mais sentido para o seu caso.

Outra possibilidade é se inspirar nelas e construir uma metodologia própria, adaptadas às características e necessidades específicas da sua empresa.

Agora, vamos à lista de metodologias.

Scrum

O Scrum é, talvez, a metodologia ágil mais conhecida e mais utilizada em empresas que desenvolvem software. É um sistema completo, que ajuda a organizar as tarefas e entregas de um projeto dividindo-o em ciclos.

Como o cronograma é dividido em pequenos ciclos, que são chamados de sprints, há entregas frequentes em tempos curtos, de modo que, durante toda a jornada do projeto, o cliente tem a possibilidade de avaliar o trabalho feito e solicitar ajustes.

A metodologia envolve um scrum master (pessoa encarregada de liderar a equipe, e que precisa dominar a metodologia), um product owner (responsável pelas definições do produto desenvolvido) e o scrum team (equipe multidisciplinar que desenvolve e entrega o produto).

Kanban

Esta metodologia consiste na simples representação das tarefas em cartões (como post-its), organizadas em colunas em um quadro, de acordo com seu status.

O sistema surgiu na Toyota, em uma época analógica, mas até hoje há várias plataformas de gestão de projeto na nuvem inspiradas nesse modelo.

Sua criação foi motivada pela necessidade de aumentar a transparência e o conhecimento da equipe em tempo real sobre o estado de cada parte do projeto.

A solução foi representar visualmente o projeto do seguinte modo: imagine um quadro dividido em 4 colunas, que são “tarefas a fazer”, “tarefas em andamento”, “tarefas em revisão” e “tarefas concluídas”.

Enquanto essas colunas não mudam (porque todas as tarefas se enquadram em uma dessas categorias), as tarefas são representadas em post-its, ou seja, os responsáveis têm a possibilidade de transferi-las para outra coluna conforme elas vão sendo feitas.

Design thinking

É uma metodologia usada principalmente na concepção de produtos virtuais, permitindo que ideias sejam concebidas e testadas em um curto período de tempo. Ela ocorre nas seguintes etapas:

  • Imersão: a primeira etapa é desenvolver um entendimento completo sobre o problema que deve ser resolvido com o produto.
  • Definição: é um refinamento da primeira etapa, com a definição mais objetiva e específica dos problemas e metas do projeto.
  • Ideação: nessa etapa, começam a nascer as ideias de soluções a serem desenvolvidas para resolver o problema definido na etapa anterior.
  • Prototipagem: criam-se versões básicas, mas funcionais, do produto pensado na fase de ideação, ou funcionalidade específicas do produto.
  • Teste: o produto é submetido ao uso, para que a experiência do usuário com ele seja monitorada e gere insights para melhorar ou corrigir o produto antes da entrega final.

Extreme Programming (XP)

Também conhecido como Programação Extrema, é uma metodologia que pode ser utilizada para complementar o Scrum, pois tem um foco mais técnico. 

No XP, gerentes, clientes e desenvolvedores são parceiros em pé de igualdade em um time colaborativo, orientado para resolver o problema o mais eficientemente possível.

A Programação Extrema propõe melhorar os projetos de software em cinco caminhos:

  • Comunicação: programadores e clientes se comunicam constantemente.
  • Simplicidade: uma das metas é desenvolver um design simples e limpo.
  • Feedback: o software é testado desde o primeiro dia, gerando muito feedback.
  • Respeito: as entregas são feitas o mais cedo possível, e do jeito que o cliente sugeriu.
  • Coragem: com tudo isso, os programadores são capazes de responder com coragem às mudanças nos requisitos e na tecnologia.

DSDM

A sigla quer dizer Dynamic Systems Development Methodology, ou Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas Dinâmicos, uma metodologia incremental e iterativa.

Isso quer dizer que o software recebe uma nova versão a cada etapa do desenvolvimento do projeto.

Os oito princípios do DSDM são os seguintes:

  • Foco nas necessidades do negócio
  • Entregas pontuais
  • Colaboração
  • Nunca comprometer a qualidade
  • Construir gradativamente a partir de pilares estruturais
  • Desenvolver iterativamente
  • Comunicar contínua e claramente
  • Demonstrar controle

FDD

Esta metodologia, cujo nome completo é Feature Driven Development, baseia-se na ideia do desenvolvimento por funcionalidades (termo que funciona, inclusive, como uma tradução do nome da metodologia).

A metodologia foi construída pensando em um modelo de desenvolvimento de processo em cinco passos:

  • Desenvolver um modelo geral
  • Criar uma lista de funcionalidades
  • Planejar por funcionalidade
  • Desenhar por funcionalidade
  • Desenvolver por funcionalidade

Essa separação do projeto mostra que, para o FDD, a soma das partes importa mais do que o foco no todo — o que alguns consideram uma desvantagem.

Gostou do artigo? Então utilize as metodologias ágeis na sua empresa e conte, na caixa de comentários abaixo, como foi a experiência.



Sobre a Superlógica

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