Rasgue o seu culture code! Como construir uma cultura organizacional com memes e peer pressure

Por: Heitor Facini5 Minutos de leituraEm 17/06/2019Atualizado em 26/10/2022

Cultura organizacional está em alta e é um dos grandes temas a serem tratados e compartilhados no mundo dos negócios. Se fossemos traduzir ao pé da letra, é a maneira de agir de cada empresa: desde pequenas tarefas do cotidiano até a tomada de grandes decisões estratégicas. Ela pode simplesmente fluir dentro da sua organização ou pode ser planejada de forma a alcançar os objetivos almejados.

Foi a cultura que colocou a Superlógica onde a gente está hoje”, declarou Emerson Rodrigues, Líder Cultural da Superlógica, em palestra no Superlógica Xperience 2019. “Começamos a investir nisso a partir de 2013, foram 12 anos sem cultura. Antes, a empresa crescia de 10% a 30% ao ano, que é um número superpositivo. Depois, quando definimos a cultura, passamos a crescer mais de 100% a cada ano”.

O gráfico abaixo mostra a evolução da empresa após a implantação da cultura.

Entre 2001 e 2013, a empresa tinha um crescimento constante, mas não muito elevado. A partir de 2013, o tamanho e o faturamento da empresa aumentaram algumas vezes, criando uma curva de crescimento exponencial.

O bom e velho culture code (código de cultura) funcionou muito bem para alavancar o crescimento nos anos seguintes, entretanto, com as dores do crescimento, a Superlógica percebeu que era preciso transformá-lo, pois não trazia os benefícios necessários. O culture code foi rasgado e deu lugar a 2 ativos: memes e peer pressure (pressão dos pares).

Ele explicou como isso vem funcionando na empresa em sua palestra “Culture code é para os fracos: como a Superlógica criou sua cultura usando memética e peer-pressure” no Superlógica Xperience 2019. Abaixo, você pode conferí-la na íntegra!

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Como era a cultura organizacional da Superlógica?

A Superlógica começou a investir na cultura organizacional em 2013, com 12 anos de fundação da empresa. “A situação da empresa no mercado não era ruim, muito pelo contrário. Um crescimento constante de 35% ao ano, produto estável e maturidade. Mas os fundadores viram que poderiam fazer mais”, comentou Emerson.

A primeira ação que eles fizeram foi aproximar os donos dos funcionários. Para isso, criaram um bate-papo semanal onde todos os problemas eram discutidos e resolvidos em conjunto.

Depois, incluíram 4 livros obrigatórios para toda a empresa, que são usados até hoje:

  • Reinvente sua empresa, de Jason Fried – sobre mudança de mentalidade, ousadia e quebra do status quo;
  • Satisfação garantida, de Tony Hsieh – sobre como criar um time com propósito, feliz e usando a cultura como alavanca de crescimento;
  • Startup enxuta, de Eric Ries – como implementar o modelo de startup, acelerando e barateando a entrega do produto;
  • Dobre seus lucros, de Bob Fifer – como fazer tudo isso e conseguir a métrica principal dessas empresas, o lucro.



Além disso, foi criado um grupo fechado no Facebook para as discussões em tempo real, melhorando a interação entre os times. “Os times, aliás, já estavam ‘pré-inseridos’ nessa cultura. Nossa contratação sempre foi visando o fit comportamental, o que fez com que a Superlógica tivesse uma equipe diversa antes disso estar em pauta”, lembrou Emerson.

O culture code era composto de 10 itens:

  1. Garanta o que foi confiado;
  2. Use referências;
  3. Não fuja da responsabilidade;
  4. Abra o seu coração;
  5. Vire a mesa se for preciso;
  6. Encare os dilemas;
  7. Crie metas SMART;
  8. Rasgue o planejamento quando ele não fizer mais sentido;
  9. Crie um ambiente onde as discussões são realmente lindas;
  10. Evite reuniões.

“A ideia era mesclar coisas mais subjetivas com objetivas, para unir as pessoas pelo emocional”, explicou Emerson.

O resultado disso? Crescimento exponencial

A Superlógica, aplicando esses conceitos, começou a ter uma mudança de mentalidade e também uma reviravolta na trajetória financeira da empresa. Saíram de um crescimento entre 10% e 30% e passaram para mais 100% ao ano.

“Todos na diretoria da empresa deram o principal crédito a mudança cultural que ocorreu”, explicou Emerson.

Entretanto, o culture code também estava limitando a empresa

Da mesma maneira que o culture code estava impulsionando o crescimento da empresa, ele também estava limitando-o. “A empresa crescia e, ao mesmo tempo, entravam diversas pessoas com ideias diferentes que acabavam não encaixando facilmente. É a dor do crescimento, antes tínhamos 100 funcionários, hoje temos quase 300”.

Para isso, precisaram voltar ao princípio e definir o que era uma cultura ideal. “Entendemos que era onde o comportamento desejado substitui o comportamento ultrapassado rapidamente. Precisávamos criar meios para isso e conseguimos”.

A nova cultura da Superlógica e o conceito do TCC

O TCC, emulando o trabalho de conclusão de curso de uma faculdade, é um projeto para os funcionários se engajarem em criar. A ideia era seguir a mesma ideia da validação de um produto, mas focado em mudança de comportamento.

“A gente percebeu que os funcionários estavam entrando em um ciclo de frustração: encontravam problemas comportamentais, não os resolviam e acabavam desistindo. Mas quando criavam produtos, acontecia algo diferente. Quando não dava certo, testavam outra hipótese. Assim surgiram os TCCs, para criar projetos de mudanças comportamentais e culturais dentro da empresa”.

A ideia é a mesma dos TCCs de faculdade: alguém cria um projeto (um comportamento a ser modificado), formula hipóteses, apresenta para a banca, que aprova ou rejeita, implementa a solução. A partir disso, o funcionário mede os resultados e, se não houve sucesso, corrige até atingi-lo.

“Isso traz protagonismo para os funcionários e é muito fácil de acompanhar. Apenas uma planilha do Excel já resolve”.

A memética

De acordo com Charles Dawkins, a evolução não ocorre apenas com a genética. A cultura e o conhecimento também influenciam no processo. Se a menor partícula de vida é o gene, a menor partícula de conhecimento é o meme. Assim, surge a memética, como ele define no livro O Gene Egoísta, lançado em 1976.

“Os memes, na verdade, não são apenas as imagens que a gente compartilha nas redes sociais. Qualquer partícula de conhecimento é um meme, seja um ditado popular, seja uma pintura, uma bandeira, um símbolo”, explicou Emerson. Os memes bem sucedidos sobrevivem por várias gerações e se propagam, o meme mal sucedido não se propaga.

Por isso, tão importante quanto a mensagem é o formato dela. Esse conceito permeia todos os TCCs: eles têm de ser efetivos e com a mensagem correta. Se não estiverem funcionando, são cortados e substituídos por outros memes mais eficientes.

Pressão de pares também é importante

Um meme, uma mensagem, um comportamento não funciona se os pares também não adotarem. Assim, a cultura da Superlógica também está baseada no peer pressure. “Não digo isso no conceito ruim e sim no bom. Na adolescência, todos se vestiam conforme o grupo que estavam inseridos, por exemplo”.

Ele usa como exemplo um comportamento que acontece na Superlógica. Foi instituído que, quando alguém percebesse que o barulho estivesse insuportável, você deveria levantar sua mão e só abaixar quando ele diminuísse. Da mesma maneira, quando você visse alguém com a mão levantada deveria fazer o mesmo. Isso funciona realmente.

Outro exemplo: TCC do esculacho

Outra prática adotada na Superlógica é a do esculacho. “O conceito é uma sessão de avaliações crítica de tudo que produzimos”. É parecido com o que a Pixar aplica, chamado de BrainTrust. Todos os filmes são validados 9 vezes antes de irem para ar, para garantir que não tenha nenhum problema. “Eu nunca vi a Pixar errar e vocês?”, questionou Emerson.

Na Superlógica, o problema é que apenas 10% dos funcionários faziam esculacho e o objetivo era de 90%. Para isso, foi criado um meme baseado nas histórias de Amyr Klink. “Todas as vezes que o velejador criava um projeto, pedia a opinião de todos os amigos. Alguns apontavam pequenos detalhes, mas todos acabavam aprovando o projeto. Menos um, o argentino. Ele dizia que Amyr ia ‘morrer se colocasse esse projeto na água’. Amyr ficava encucado e não iniciava o projeto até que o argentino aprovasse. E, no fim, deu certo”.

Assim, foi instituído o conceito de argentino na Superlógica: aquele que valida todos os projetos mostrados pelos companheiros de trabalho.

“Nesse momento, todos os 30 líderes da Superlógica estão com 30 TCCs rodando simultaneamente. São 30 comportamentos sendo mudados dentro da empresa. Se der certo, vamos exportar esse modelo para o mundo todo. Se não, só começarmos a testar novamente”, concluiu Emerson.

Sobre a Superlógica

A Superlógica desenvolve o software de gestão líder do mercado brasileiro para empresas de serviço recorrente. Somos referência em economia da recorrência e atuamos nos mercados de SaaS e Assinaturas, Condomínios, Imobiliárias e Educação.

A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento que apresenta tendências e inovações do mercado condominial.

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