Open Banking – segunda fase: Meus dados, minhas regras

Por: Felipe Haguehara4 Minutos de leituraEm 25/06/2020Atualizado em 25/06/2020

A segunda fase do processo de implementação do Open Banking no Brasil está prevista para 31 de maio de 2021 – se não houver nenhuma mudança no calendário. É, certamente, desta fase que virá uma grande quantidade de novos produtos e serviços para o público nacional. 

Se não lembrar, no detalhe, sobre a primeira fase do processo, não há problema. Sugiro ler, antes deste, meu artigo Open Banking – primeira fase: Um TripAdvisor financeiro para conseguir entender essa etapa e absorver melhor o que vamos tratar nesse momento.

Observando a marca do dia 31 de maio de 2021, no cronograma fornecido pelo Banco Central, percebemos que essa fase contemplará o compartilhamento de informações de cadastro dos clientes, tanto pessoa física quanto jurídica. Também, entram informações relacionadas às transações dos produtos e serviços que o cliente usufrui da instituição financeira em questão. E, claro, sempre mediante explícita autorização do cliente.

Se precisássemos dar um título para essa segunda fase, sem dúvidas deveria ser “Meus dados, minhas regras” ou “O cliente no centro de tudo“. Isso porque, o Banco Central deixa claro quem, de fato, é o dono das informações: o próprio cliente.


A instituição financeira não responde por nenhum dado de seus clientes. Essa mudança de mindset trará inúmeros benefícios para nós, enquanto consumidores. Resumidamente imagino três tipos de benefícios que rapidamente veremos com essa fase do processo de implementação.

  1. Otimização do processo de Know Your Customer;
  2. Melhores condições para novas empresa;
  3. Todas as informações em um só lugar.

1. Otimização do processo de Know Your Customer

Know Your Customer (em português, conheça seu cliente) é uma expressão recorrente no mundo dos negócios, especialmente nos mercados financeiro e bancário. Resumidamente, é o processo de identificação do cliente para garantir que ele realmente é ele mesmo. Ele serve para limitar o risco das instituições financeiras com lavagem de dinheiro e garantir o cumprimento das regras de compliance estabelecidas, para aí sim, ingressá-lo no uso de algum produto ou serviço.

Atualmente, temos diversos cases no Brasil para garantir um KYC eficiente no mercado financeiro. Mas, imagine o que seria possível com o compartilhamento das informações de cadastro do cliente em questão. Por exemplo, no momento em que você estiver abrindo uma conta no Banco Y, o mesmo pode solicitar as suas informações ao Banco X, no qual você já tem conta, e com base nisso abrir sua nova conta de forma muito mais rápida.

Se tratando de abertura de conta para uma empresa, esse tempo é muito maior. Diversas validações de documentação, CNAE, quadro societário, pessoa politicamente exposta entre outras que são necessárias. Mas, pense bem, se uma instituição, como o Itaú, já aprovou a empresa anteriormente, por que seria necessário uma nova validação, do zero, em outra instituição? Basta a nova instituição, mediante autorização do cliente, solicitar essas informações no Itaú via Open Banking.

Melhores condições para novas empresas

Estamos acostumados a ouvir sempre a mesma história: quando uma nova empresa abre uma conta, dificilmente é liberada uma boa linha de crédito, limites interessantes ou até mesmo atenção e gerente personalizado (salvo se pagarmos uma alta mensalidade para esse último ponto).

Mas, por que não podemos analisar um pouco mais além do que exclusivamente as informações pertinentes a empresa? Afinal, uma empresa nada mais é que uma organização de pessoas em um CNPJ.

Vamos supor que eu estou abrindo uma conta para a minha nova empresa, a Super Consultorias, e no caso usaremos o Banco X, visto que nos dará alguns benefícios sobre tarifas e queremos conhecer esse novo banco. Porém, por sermos uma empresa “nova” e não termos histórico financeiro algum como pessoa jurídica, eles nos liberarão apenas um cartão de crédito com limite de R$ 1.000,00.

Contudo, por que um limite de apenas R$ 1.000,00 no cartão, se os sócios Danilo, Márcia e César, juntos, têm décadas de histórico financeiro positivo e R$ 50.000,00 de limite em seus cartões de crédito?

Realmente, hoje é assim que funciona, porém com o Open Banking as instituições poderão ir muito além de validar a autenticidade de informações dos sócios no ato da abertura de contas para empresas e melhorar a oferta de serviços baseados no histórico de informações de seus sócios.

Todas as informações em um lugar só

Outra coisa que veremos são produtos e serviços que nos possibilitarão ter de forma centralizada a nossa real situação financeira, tudo em um só lugar, mesma interface. Contas de pagamentos, poupanças para décimo terceiro de funcionários, aplicações diversas entre outros na mesma tela. 

Não haverá necessidade de processamento de diversos arquivos em um sistema de gestão para ver esses dados, correndo o risco ainda de estarem desatualizados no momento da análise.

Podemos ver um exemplo claro com esse vídeo de um cliente da Quickbooks Software cadastrando sua conta da Tide dentro do seu sistema.

Ou, falando de pessoa física, até mesmo dentro do aplicativo da Revolut o cliente já pode cadastrar contas de diferentes instituições no seu aplicativo.

Sem dúvidas, todas as 4 fases do processo de implementação do Open Banking no Brasil nos trarão diversos benefícios, desde o aumento na concorrência com a primeira fase, até o compartilhamento de informações e inicialização de operações fora das instituições em questão. Mas essa segunda fase julgo ser a que nos reservará o maior número de novos serviços e produtos.

Referências:

https://pjbank.com.br/

https://blog.truelayer.com/truelayer-and-revolut-4c5702227f67

https://kycbrasil.com/conceito/

https://www.hsbc.co.uk/connected-money/

https://contaquanto.com.br/connect

https://www.revolut.com/en-BR

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