Google e Facebook aderem ao modelo de assinaturas para valorizar conteúdo
Em tempos de fake news e pós-verdades, os jornais e revistas, que antes reinaram absolutos em um mercado farto de anunciantes e assinantes, hoje tentam encontrar meios de reconquistar os seus leitores. O problema é que o espaço que um dia foi preenchido pelo conteúdo jornalístico agora disputa a atenção de uma audiência que se acostumou a procurar nos mecanismos de busca e nas mídias sociais a sua própria composição de fatos sobre tudo o que acontece no mundo.
Iniciativas para amenizar os efeitos causados pelos estilhaços da desinformação digital começam a despontar no horizonte. Em março de 2018, o Google anunciou o Subscribe With Google. Além do Google, outro grande player que pretende fazer algo parecido é o Facebook (veja mais abaixo).
O serviço do Google estende uma mão amiga aos veículos de imprensa e agrega na plataforma do Google o acesso ao conteúdo editorial de diversos grupos de comunicação ao redor do mundo.
O Subscribe With Google possibilitará ao usuário que a cobrança da assinatura dos veículos de imprensa esteja associada à sua própria conta do Google, dispensando a criação de senhas e logins diferentes em cada portal de notícia.
O acesso automático valerá em websites, aplicativos e também para a página de pesquisas. Quando estiver logado, o assinante poderá ainda visualizar entre os primeiros resultados de busca o conteúdo de seus jornais e revistas preferidos. A ideia de descomplicar o acesso funciona como um estímulo para a retomada do prestígio do jornalismo responsável.
Entre os grupos de comunicação que já estão testando a ferramenta estão Le Figaro, The Financial Times, Gatehouse Media, La Nación, New York Times, NRC Media, Le Parisien, La Repubblica, Washington Post, entre outros. No Brasil, apenas o Grupo Globo foi anunciado.
Essa é uma iniciativa que pode dar novo fôlego ao processo de reinvenção do modelo de negócios da informação. Aos veículos ainda cabe a tarefa de gerar mais valor à produção de conteúdo editorial e, com isso, assegurar suas receitas.
Contudo, o acesso ao conteúdo online por meio de assinaturas já tem sido a forma como muitos veículos têm despertado o interesse adormecido dessa nova audiência. Um exemplo foi o New York Times, que anunciou no segundo semestre de 2017 uma receita de US$ 83 milhões oriundos das assinaturas digitais. Foram 93 mil assinantes a mais que em 2016, somando um total de 2,3 milhões de assinantes.
Para o jornal, as operações na internet, em 2017, representaram 42% de sua receita total, contra 34% registrado no ano anterior.
Facebook mira o mercado de assinaturas
Outro player que promete incrementar a mistura entre rede social, conteúdo e assinaturas é o Facebook. A empresa anunciou que iniciará em abril de 2018 os testes para um serviço que dará a oportunidade de intensificar a geração de conteúdo exclusivo dentro da plataforma.
A estratégia do Facebook será mantida por meio da assinatura mensal de fãs que darão o seu apoio financeiro aos geradores de conteúdo de sua preferência. Os assinantes terão acesso a outros privilégios, que incluem também a exibição de um selo de identificação como apoiadores.
Estima-se que a assinatura cobrada pelo acesso ao conteúdo ficará em torno de US$ 5 e o Facebook tem afirmado que não tomará parte de nenhum percentual dessa remuneração.
Com esse anúncio, o plano da rede social de Mark Zuckerberg é fazer frente ao YouTube, plataforma de exibição de vídeos na internet de maior relevância da atualidade.
Entretanto, o tema assinatura não é uma novidade para o Facebook. Em 2017, foi divulgado que a News Corp., conglomerado que reúne os jornais americanos Wall Street Journal e o New York Times e também o britânico Times, estava discutindo com Mark Zuckerberg a possibilidade de firmar um modelo para viabilizar aos assinantes desses veículos o acesso ao conteúdo a partir da plataforma da rede social.