Se está confortável, está errado
Por Bill Coutinho, diretor da Dextra*
A Kodak, empresa voltada para a área da fotografia, era bem sólida entre as décadas de 1970 e 90. Nesse período, ela dominou o mercado desenvolvendo câmeras analógicas. O modelo de negócio dela ia desde os produtos para revelação até os filmes passando por tudo em torno de uma boa prática fotográfica. Em 2012, a empresa pediu proteção contra falência – o negócio estava passando por muitos apuros.
Esse caos todo foi criado por causa de uma invenção da própria empresa: a câmera digital. Ela foi apresentada pela primeira vez no ano de 1975. No início, os acionistas desacreditaram completamente do projeto. Os dois motivos principais eram a péssima qualidade da imagem do equipamento e as fotos incríveis que a empresa consguia no modelo analógico.
A posição da Kodak no mercado estava muito confortável. Ela fazia o “business as usual” e tinha a crença forte de que demoraria muito para ter algo concreto em relação as câmeras digitais.
O dilema que assombra as grandes empresas
Esse é o conhecido “Dilema do Inovador” – termo cunhado por Clayton M. Christensen em livro de mesmo nome. Esse dilema não foi enfrentado apenas pela Kodak, mas também pela Blockbuster e outras “empresas estabelecidas” no mercado.
Explicando de forma simples: os riscos para construir um negócio inovador são difíceis de serem aceitos por uma empresa grande – o modelo de negócio já está formatado. As empresas pequenas que assumem esses riscos. Elas querem resolver problemas de nicho como alugar filmes, transporte, passar a noite em algum lugar. O que acontece é que chega uma hora que esses nichos constroem novos mercados. Nesse momento as pequenas empresas viram grandes e as que eram grandes passam a ter problemas.
As tecnologias digitais estão acelerando o processo de disrupção nos mercados. Isso faz com que o “Dilema do Inovador” se transforme em um pesadelo efetivo para diversas empresas já estabelecidas – e bem recorrente.
Como inovar sendo estabelecido no mercado?
É difícil para uma empresa estabelecida criar inovação. Mas existe um passo a passo que pode ajudar
- Crie uma área apartada da operação – com forma de uso de dinheiro e financiamento diferente
- Forneça espaços para inovar
- Envolva ou contrate pessoas adequadas e/ou especialistas no processo de inovar (conhecedores de metodologias, design thinking, etc.)
- Mire nos problemas de processos da própria organização inicialmente – e para isso gere critérios de sucesso bem alinhados para a iniciativa
- Alinhe as iniciativas de inovação às necessidades do negócio
- Aplique os novos conceitos gerados desta iniciativa dentro da organização
- E, por último, o mais importante: a alta gestão da empresa tem que ter um compromisso concreto e definitivo com a inovação.
Pense e aja como uma startup!
Dizemos “pense como uma startup”, mas esquecemos de agir como tal. Mudar tem que ser uma constante! As pessoas estão fazendo isso de maneira rápida e acelerada, impulsionadas pelo digital. Para as empresas que querem inovar, a mensagem é simples e direta: mexa-se.
Há muitas empresas boas no mercado que podem auxiliar no processo de inovação. Mas a sua companhia tem que querer se comprometer com isso. Do contrário, a história da Kodak será repetida diversas vezes todo ano.
*A Dextra é uma empresa de software baseada na ideia do desenvolvimento inteligente, trazendo novas ideias e perspectivas. São mais de 1 milhão de horas em projetos ágeis de sucesso e centenas de produtos digitais entregues nos últimos 14 anos.