Aplicativos de mobilidade urbana são sobre o comportamento dos usuários e não tecnologia

Por: Heitor Facini3 Minutos de leituraEm 18/07/2019Atualizado em 27/11/2019

A mobilidade urbana no Brasil é um dos principais problemas das grandes cidades, ou seja, a dificuldade para se movimentar, se locomover de um ponto a outro. Por exemplo, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em São Paulo, a velocidade média nas vias diminuiu 3,8% no ano de 2017, em relação a 2016, e 5,8% em relação a 2015. 

O relatório desenvolvido pela Inrix, empresa global de serviços de carros, aponta São Paulo na 5ª colocação entre as cidades com maiores engarrafamentos do mundo. O Rio de Janeiro aparece na 11ª colocação e Belo Horizonte na 18ª. Isso acaba custando R$ 267 bilhões por ano ao Brasil, segundo levantamento feito pelo economista Guilherme Vianna, da Quanta Consultoria. 

“O grande problema é a forma que os carros são usados”, comentou Douglas Tokuno, head LATAM da Waze Carpool. “Em média, eles transportam 1,5 pessoas. Entre 60% e 70% das vezes, as pessoas dirigem sozinhas”. 

Mas como resolver esse problema? Segundo a ideia dele, a população precisa mudar seus hábitos. Durante o Superlógica Xperience 2019, ele apresentou a palestra Mobilidade, compartilhamento e hábito: como eles estão transformando o seu mundo”, que mostra o caminho para isso. Abaixo, você pode conferí-la na íntegra!

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Como se pensou o futuro da mobilidade urbana?

Quando se fala no futuro da mobilidade, a primeira coisa que vem a cabeça é a utilização de carros autônomos, elétricos ou até voadores. Basicamente, um episódio dos Jetsons, série dos anos 60 da Hanna Barbera. 

“Entretanto, se todo mundo fizesse isso, o congestionamento não deixaria de existir. Só mudaria. Ao invés de serem carros a gasolina ou álcool enfileirados, seriam carros autônomos, elétricos e voadores”, lembrou Douglas. 

Por isso, ele lembrou o caso da Segway, no início dos anos 2000, para mostrar que “nunca foi sobre tecnologia”.



Segway, micromobilidade e previsões furadas

No início da década passada, surgiu um fenômeno nos negócios de tecnologia, a Segway. “Eles se propunham a ser, para a caminhada, o que a calculadora era para os cálculos no papel”, lembrou Douglas. 

Os veículos oferecidos são aqueles utilizados em shoppings pelos seguranças, uma espécie de triciclo. No início, as previsões eram incrivelmente animadoras para a empresa. 

“Acreditavam que a empresa se transformaria na que mais rápido atingiria o valuation de US$ 1 bilhão. Aliás, alguns especialistas diziam que os ‘Segways’ tinham o potencial de serem uma invenção mais importante que a própria internet”, recordou. 

A empresa apostava na micromobilidade, conceito que engloba o transporte de curtas distâncias em grandes cidades, utilizando equipamentos pequenos como patinetes e bicicletas. É um tema em alta, já que vimos a explosão dos aplicativos de patinetes e bicicletas compartilhadas na cidade. Um estudo do McKinsey Center for Future Mobility revela inclusive que, das viagens realizadas em todo o mundo, 60% são para percursos inferiores a oito quilómetros, espaço em que a micromobilidade se encaixa perfeitamente. 

Entretanto, a Segway apostava apenas na tecnologia e não na mudança de comportamento. “Por isso, hoje não vemos muitos Segways por aí mais”. 

A maioria dos aplicativos não resolve o problema da mobilidade urbana no Brasil

Mesmo com patinetes e bicicletas se popularizando, o grande problema das cidades continua sendo os carros. “As ruas da cidade de São Paulo, por exemplo, são 80% ocupadas por carros. Por mais que a cidade incentive patinete, bicicleta, transporte público, o que a gente vê é carros nas ruas”, comentou Douglas Tokuno.

Dessa forma, aplicativos de compartilhamento não são tão efetivos na melhoria da mobilidade urbana. De acordo com a revista Science Advances, o trânsito de São Francisco piorou com a entrada de apps como Uber e Lyft, aumentando em 62% os congestionamentos entre 2010 e 2016.  Aconteceu, também, uma queda em até 13% na velocidade média do trânsito, inclusive em horários fora do pico. 

Em Nova York, foi criada uma lei em agosto de 2018 que proibia a emissão de novas licenças de motoristas de aplicativos por 12 meses. A exceção era para carros que estavam preparados para receber passageiros com cadeiras de rodas. 

Mas então, qual a solução?

Compartilhamento pode ser a resposta

A ideia principal para diminuir o trânsito nas grandes cidades, segundo Douglas, é utilizar os espaços livres que ficam nos carros – que são os principais meios de locomoção. “Hoje em dia, se você vai para um local de carro, seja faculdade, trabalho ou passeio, normalmente vai sozinho. Sobram pelo menos 3 lugares”.

A principal mudança não é na tecnologia ou melhora da performance e sim no comportamento das pessoas. “Já imaginou se dobrassem a taxa média de ocupação dos carros, que hoje é de 1,5 pessoas?”, questionou. “Teríamos, durante a semana, o trânsito de fim de semana”. 

Sobre a Superlógica

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A Superlógica também realiza o Superlógica Xperience, maior evento sobre a economia da recorrência da América Latina, e o Superlógica Next, evento que apresenta tendências e inovações do mercado condominial.

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