Conheça o IVAR, novo índice de reajuste de aluguéis
Com a criação do IVAR, novo índice de reajuste de aluguéis, o mercado imobiliário tem uma nova referência para atualizar os valores de contratos de aluguel.
A novidade surge em um contexto em que o IGP-M, índice mais usado para reajustar os preços das locações, acumula um crescimento de 16,91% nos últimos 12 meses, uma alta desproporcional em relação à realidade do mercado.
Já foi pior: em meados de 2021, o acumulado do índice ultrapassou os 30%, causando dificuldades para locatários pessoa física e prejuízos para muitos negócios.
A situação fez muitas pessoas e empresários que não conseguiram negociar os termos do reajuste judicializarem a questão.
LEIA MAIS: Entenda as regras do reajuste de aluguel de imóvel
Neste post, você vai entender:
- O que é IVAR?
- Por que o IVAR foi criado?
- Como o IVAR é calculado?
- O IVAR será o novo índice de reajuste de aluguéis nos contratos de locação?
Boa leitura!
O que é IVAR?
IVAR é o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais, um índice percentual criado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para medir o comportamento dos preços de aluguéis de imóveis no Brasil, calculado a partir dos valores efetivamente praticados pelo mercado em quatro capitais brasileiras.
A última divulgação do índice apurou uma alta de 1,86% nos preços dos aluguéis em janeiro de 2022, indicando aceleração em relação à taxa registrada em dezembro, que fora de 0,66%.
Por que o IVAR foi criado?
A Lei do Inquilinato estabelece a possibilidade de fixar uma cláusula de reajuste nos contratos de aluguel, porém não especifica qual índice ou metodologia de cálculo deve ser usada para chegar ao novo valor.
Assim, criou-se no mercado a praxe de definir, em contrato, o IGP-M como referência para atualizar os valores a cada 12 meses.
IGP-M quer dizer Índice Geral de Preços – Mercado. Ele foi criado no final de 1940 para medir o movimento dos preços de forma geral, calculando as variações nos valores de bens e serviços finais: do mercado atacadista, de matérias-primas agrícolas e de custos das construções.
Veja que as locações de imóveis não são consideradas na metodologia do cálculo. Por isso, o IGP-M não reflete a realidade dos preços dos aluguéis — afinal, não foi criado com o propósito de ser um indexador do mercado imobiliário.
Com a forte alta do IGP-M, muitos inquilinos solicitaram que o reajuste considerasse outro índice de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.
O que acontece é que o IPCA tampouco tem o propósito de medir a inflação nos preços dos aluguéis. Em vez disso, mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, que inclui arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, médico e outros.
É por isso que a FGV resolveu estabelecer uma nova metodologia: para que tenhamos uma melhor mensuração e compreensão da inflação nos contratos de aluguel de imóveis.
LEIA MAIS: Reajuste de aluguel: IPCA ou IGP-M, qual o melhor para ser usado?
Como o IVAR é calculado?
O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), unidade da FGV, mede a evolução dos valores de aluguéis residenciais mensalmente, em quatro capitais brasileiras: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.
A base de cálculo são informações anonimizadas de contratos de locação obtidas junto a empresas administradoras de imóveis.
Os valores considerados são aqueles efetivamente desembolsados pelos locatários, seja seguindo a regra da cláusula de reajuste, a partir de uma negociação entre as partes ou com um novo contrato para o mesmo imóvel.
Segundo o pesquisador do IBRE Paulo Picchetti, “não se trata de mais um índice baseado na oferta de preços de aluguel, mas sim efetivamente de um índice dos preços praticados no mercado em contratos de aluguel”.
O IVAR será o novo índice de reajuste de aluguéis nos contratos de locação?
Apesar de o IVAR refletir a inflação específica do preço dos aluguéis, sua adoção como índice de reajuste nos contratos não é automática nem obrigatória.
No release divulgado pela FGV sobre o IVAR, a instituição opina que ele tem potencial para se tornar um importante índice para os contratos de aluguel, “mas é a própria sociedade que deve decidir se isso ocorrerá”.
Como explicamos antes, a Lei do Inquilinato não estabelece um índice específico para orientar o reajuste, permitindo uma livre negociação entre as partes.
Na prática, o índice mais usado é aquele que consta nos contratos padrões das imobiliárias. A utilização maciça do IVAR como novo indexador vai depender, portanto, das imobiliárias o adotarem como novo padrão.
Ou então da atualização da Lei do Inquilinato por parte das autoridades legislativas, estabelecendo-o oficialmente como novo índice de reajuste de aluguéis.
E você, o que pensa sobre o IVAR? Acredita que ele deve se tornar a referência para a atualização dos preços? Deixe um comentário abaixo com a sua opinião.