Como implementar a cultura de startup na sua empresa?

Por: Heitor Facini3 Minutos de leituraEm 22/11/2017Atualizado em 09/05/2022

Nos últimos anos, startups estão surgindo, escalando rapidamente e vencendo gigantes que dominaram mercados durante anos. Mas o que elas tem de tão diferente que conseguem chegar ao sucesso dessa forma? Cultura.

“Em startup, ou você tem cultura ou não tem nada”, afirmou Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, escola que treina talentos em marketing, design e desenvolvimento para o meio digital. “Cultura é o que mantém uma empresa viva com sangue nos olhos e o que a faz chegar lá na frente”.

Sem cultura, a empresa não vai conseguir se sustentar”, comenta Horacio Poblete, Chief Operating Officer da Trustvox, empresa que valida avaliações de e-commerces. “Vai ser só ela e a crença na mesma que vai fazer você fechar os seus projetos no fim do mês”.

Guilherme e Horácio fizeram parte do painel “Como implementar a cultura de startup na sua empresa?” no Superlógica Xperience 2017, mediado por Emerson Rodrigues, Chief Culture Officer da Superlógica Tecnologias. Você pode acompanhar a palestra no vídeo abaixo:

O que é cultura de startup?

A cultura é o que diferencia a startups das demais. Mas o que seria isso exatamente? “A cultura é o espírito e a alma da empresa”, responde Horácio. “É a mensagem que vem dos founders e primeiros funcionários. Se eles não foram colaborativos, a cultura da empresa não será”.

Para definir muito bem, existe uma tríade que a identifica: comportamento, sistema e símbolos. Eles são definidos em:

  • Comportamento: a relação entre o que você fala e faz. Não adianta falar que foca no cliente e no dia a dia tratá-lo mal. O funcionário percebe isso;
  • Sistema: a forma que você avalia a performance dos seus funcionários. Não adianta cobrar um desempenho de um e do outro não. Você precisa gerir a mensagem para que ela seja igual a todos;
  • Símbolos: a forma que você representa a cultura da empresa. Se você dá um carro da empresa para um diretor, você está mostrando que ele é melhor do que funcionário que dia a dia se mata por você.

“Quando começa a perceber que a cultura é a essência da empresa, você passa a comunicá-la melhor”, explicou Guilherme Junqueira. “Assim o seu funcionário vai entender o seu propósito, comprar sua ideia e fazer você chegar aonde quer chegar”.

Não é missão, visão e valor!

Esqueça o modelo tradicional de procurar missão, visão e valores de uma empresa. Normalmente isso só serve para propagar para o mundo de uma forma genérica e nunca é aplicado na prática.

Nova call to action

O mundo condicionou a pensar que isso é algo para ser planejado e não vivido”, diz Junqueira. “A Trojano, empresa de branding, fez uma experiência bacana uma vez. Apresentou para vários executivos 10 quadros contendo missão, valor e visão de 10 empresas e pediu para eles identificarem de quem era cada um. Todos erraram”.

“Não adianta contratar uma empresa de consultoria para colocar valores que você não tem”, opina Horacio. A cultura seria algo maior que isso. “É um DNA do que você vive e pensa”, afirma Junqueira.

Como criar a sua cultura?

“Você não vai levantar um dia da cama e falar: ‘vamos criar uma cultura!’. Ela parte de você”, explicou Horacio. “É um processo contínuo que começa no início da empresa”.

A partir dos valores que os founders e os primeiros funcionários da empresa tiveram, você vai definir a forma que irá atuar e como proceder dentro do dia a dia da sua empresa. Assim, é mais fácil encontrar pessoas que pensam e tem formas de agir da mesma forma.

Como a cultura influencia na política de contratações?

É essencial para qualquer empreendedor entender que o fit cultural é a coisa mais importante em um processo seletivo. “Sem bons ingredientes você não consegue fazer um bom prato”, comentou Horacio. “Aqui a gente procura gente que seja boa pessoa, inteligente, que aprende rápido e seja ético. Passou nisso, o resto a gente ensina. Não contratamos por currículo, mesmo que ajude. O principal é perfil”.

“Na Gama, acertamos muito na hora de contratar”, explicou Guilherme. “O resto a gente vai ensinando enquanto faz. Cerca de 70% do nosso aprendizado acontece na prática mesmo. Não é um sistema de onboarding, é de ongoing”.

Não tente ensinar quem não quer aprender

Um dos grandes desafios é aculturar as pessoas que já estão na empresa e tem muitos anos de mercado. Horacio dá a resposta na lata: “Não aculture! O problema não é idade ou tempo de mercado. Se a pessoa é arrogante, não quer mudar e aprender, não vai dar certo! “O dia a dia de uma startup é uma montanha russa e não vai adiantar ficar muito tempo tentando aculturar quem não quer ser aculturado”.

Como implementar a cultura de startup numa empresa?

A dica que tanto Guilherme quanto Horacio dão é: se aproxime de quem conseguiu implementar uma cultura e se inspire. Mas seja original. “É interessante você olhar livros de cultura de empresas como Netflix para ter uma ideia de como implementar”, comentou Guilherme. “Mas a cultura tem de fazer sentido com o que a sua empresa pensa e faz. Se não ela não vai funcionar nunca”.

“Tudo dá certo se você aplicar com inteligência”, explica Horacio. “Não é simplesmente seguir a moda. Veja se aquilo vai fazer sentido para a sua empresa na situação em que ela se encontra”.



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