Spotify: a empresa que colocou a experiência musical no seu devido lugar
Na economia da recorrência, quem conhece bem o seu cliente vira rei. Essa frase parece um tanto quanto exagerada, mas não é.
Sabemos que o comportamento do consumidor vem se transformando e o acesso a uma experiência de valor foi colocado em primeiro lugar. Do outro lado do balcão, as empresas se esforçam para nutrir relacionamentos duradouros, antecipando expectativas que emergem a cada dia.
Na recorrência, a venda não se faz uma única vez e o poder está nas mãos dos clientes/ assinantes. É por isso que conhecê-los profundamente é o que define quem está em condições de despontar (ou reinar) no mercado.
A relação empresa x clientes mudou e renovou o fôlego de diversos segmentos da economia. Mas, um deles, com toda a certeza foi o que melhor se adaptou à nova premissa que valida o acesso a um serviço em detrimento da posse: o serviço de streaming musical.
Em menos de duas décadas presenciamos uma vertiginosa transformação de hábitos de consumo. Saímos do CD para o MP3, do MP3 para o iPod, seguido do smartphone, até chegarmos no modelo encabeçado por Spotify, Apple Music e Deezer.
Essas empresas são ícones para uma nova geração, que já nasceu no embalo de um novo ritmo de mercado. Porém, antes de chegarmos ao amadurecimento das plataformas on demand, alguns marcos aconteceram no decorrer desses últimos 20 anos, celebrando uma verdadeira revolução.
Se você tem idade suficiente para ter presenciado a mudança que os serviços de streaming proporcionaram, então, você sabe do que estamos falando.
Ainda estamos ouvindo por aí as mesmas músicas de sempre, mas, agora, a experiência é completamente diferente.
Você não ouve música como os seus pais ouviam
Quantos anos você tem? Na verdade, essa informação não é muito relevante, pois o fato é: você não ouve música da mesma maneira que os seus pais ouviam e ponto final.
Se você tem 20 anos ou menos, é provável que nunca tenha comprado um CD de seu artista favorito. E não é para menos: a indústria fonográfica está entre as principais correntes da mudança desse novo comportamento social estabelecido pela economia da recorrência – também conhecida como economia do acesso.
Acontece que ouvir música até o final da década de 1990 era uma experiência bem diferente do que conhecemos hoje. Os CDs faziam parte de uma tecnologia nascida no início dos anos 80, entretanto, nós brasileiros teríamos acesso a ela apenas alguns anos mais tarde, em 1986.
O objetivo dessa nova mídia era oferecer comodidade ao usuário.
Sim, a palavra “comodidade” ilustra bem essa percepção, afinal, naquela época, tínhamos recém-migrado de formatos limitados, que dividiam nossas playlists em Lado A e Lado B.
A verdade é que, de forma híbrida, durante a década de 80 e 90, nossas prateleiras dividiam lugar com o vinil (LP), fitas cassetes (K7) e CDs. Ouvir música, portanto, era uma prática, digamos, um pouco limitada.
Para aumentar o repertório, era preciso investir na compra de novas mídias e você deve se lembrar que um comprar um CD original no Brasil não era lá muito barato – a pirataria corria solta.
As lojas de CDs estavam em todo lugar, mas a melhor experiência que elas podiam oferecer era dispor de um espaço com um fone de ouvido público para um “trial” rápido (e desconfortável) do álbum desejado.
O formato CD, embora oferecesse uma qualidade de som superior ao LP e ao das fitas K7, ainda limitava a apreciação de nossa trilha sonora em qualquer lugar.
Fazer uma corrida matinal ouvindo o seu disco preferido, por exemplo, era impensável e impraticável. Os áudios portáteis daquela época eram grandes, pesados e pouco eficientes (isso sem falar no quanto eram caros!). E trocar a trilha sonora no meio do caminho era um pesadelo que obrigava o ouvinte a carregar consigo uma pilha de CDs.
Nesse processo, o walkman (que tocava rádio e fita K7) dava lugar ao discman, que foi se aperfeiçoando com a tecnologia anti-shock, que evitava as indesejáveis pausas na reprodução. Entretanto, o aparelho ainda podia ser considerado rudimentar perto do que viria a seguir.
E foi por esses e outros motivos que o que aconteceu no mercado em seguida era inevitável. Com tantos “poréns” na experiência musical, havia muito espaço para uma revolução nos hábitos de consumo.
E foi exatamente isso que aconteceu quando a mídia física cedeu espaço para o formato digital: o MP3.
Primeiros passos digitais: surge o MP3 (amém!)
Até aqui, você que tem menos de 20 anos, pôde ter uma ideia da árdua tarefa que era ouvir música até o final da década de 90. Contudo havia uma esperança que surgia bem diante dos nossos olhos – ou melhor, dos nossos ouvidos.
A internet ainda engatinhava mundo afora. Mas o caminho que ela seguia era, indiscutivelmente, sem volta. As novas ondas tornavam possíveis desejos latentes de interconexão e ofereciam, pouco a pouco, simplicidade para uma série de coisas que permeavam o nosso dia a dia.
E, obviamente, a experiência musical foi uma delas.
Surge, então, um formato digital de música, mais compacto e fácil de ser enviado e recebido: o MP3. Na prática, ele oferecia uma qualidade razoável de som, dentro de um arquivo que tinha o tamanho de cerca de 10% do original.
Não é necessário muito esforço para prever o que aconteceu em seguida: a internet foi o ambiente ideal para dar vazão a ele.
Para a sua popularização foi um pulo, ou, melhor, um “napster”. Trocadilhos à parte, Napster era o nome da empresa que, em 1999, criou um programa de compartilhamento de arquivos em rede P2P (peer-to-peer), no qual cada computador conectado à rede desempenhava tanto as funções de servidor quanto a de cliente.
O mundo da música se preparava, ainda sem saber, para uma irrevogável transformação.
O serviço que o Napster propôs era simples e efetivo: ele permitiu que pessoas do mundo todo trocassem, gratuitamente, arquivos de música no formato MP3, a partir do download descentralizado.
Parecia um sonho que virava realidade.
Em poucos minutos (ou horas, dependendo da qualidade da sua conexão) era possível localizar e baixar arquivos de música e colecionar um variado acervo, sem gastar nada!
Mas, como dizem por aí: “Não se iluda, pois tudo nessa vida tem o seu preço”.
A prática crescente inaugurou uma crise na indústria fonográfica, que viu músicas e álbuns inteiros vazarem na rede antes mesmo de seus lançamentos. Prejuízos financeiros volumosos começaram a ser contabilizados. Era o início da guerra pelos direitos autorais.
Foi por isso que a sobrevida do Napster durou pouco. Depois de algumas batalhas judiciais travadas por artistas de peso como o Metallica, a empresa foi vendida em 2001 e reformulada. Hoje o Napster oferece serviço de streaming, nos mesmos moldes que o concorrente mais famoso: o Spotify.
Inclusive, o co-fundador do Napster, Sean Parker, se juntou ao Spotify em 2011, com a irônica missão de ser um dos principais articuladores nas negociações junto às gravadoras e, assim, fortalecer a presença da empresa recém-chegada aos Estados Unidos.
Mesmo Parker sendo uma das figuras mais controversas do mundo da música digital, a estratégia rendeu bons frutos e ele se manteve na companhia até 2017. Mas, mesmo com sua saída oficial da diretoria, ele não se desligou completamente. Após investir US$ 15 milhões, tornou-se dono de 5% do Spotify.
Mas, retomando o contexto do início dos anos 2000: mesmo enfrentando um começo conturbado, o Napster foi um grande sinalizador de que algo na indústria da música havia mudado de maneira contundente. Prova disso é que na sequência pipocaram inúmeras empresas que ofereciam o mesmo serviço de compartilhamento de arquivos.
A revolução já tinha se alastrado nos quatro cantos do planeta.
Para acompanhar a disseminação desse novo formato, os MP3 players eram tecnologicamente mais versáteis para quem quisesse ouvir suas músicas favoritas em qualquer lugar. Esses aparelhinhos, que podiam armazenar na memória uma quantidade impressionante de músicas, reinaram até 2001, ano em que a Apple apresentou o iPod.
O lançamento deu as boas-vindas a uma nova fase na música portátil.
O primeiro modelo, o iPod Classic, representou uma verdadeira revolução ao permitir o armazenamento de cerca de mil músicas em um espaço interno de 5 GB.
Variedade, conveniência e praticidade: o formato digital era uma realidade e seria consumido por um número cada vez mais maior de pessoas pelo mundo. Ampliar os limites era questão de tempo.
No começo dos anos 2000, portanto, o cenário era o seguinte:
- Clientes, ávidos por experiências mais completas, não iriam retroceder em suas exigências;
- A indústria da música tinha um desafio e tanto para lidar.
A Apple entendeu e conectou essas duas pontas rapidamente.
iTunes: música digital não é pirataria
Os iPods eram pequenas maravilhas que mudaram drasticamente a forma de comprar e ouvir música. A partir deles era possível acessar o iTunes, que oferecia não somente a reprodução e gravação do MP3, mas também o acesso a um vasto catálogo de músicas, filmes, programas de TV, jogos, livros, entre outros produtos.
Lançado em 2001, a plataforma – dentro de uma relação de amor e ódio com os seus usuários, (verdade seja dita) – foi uma forma de legitimar a música digital numa época em que o MP3 era sinônimo de pirataria.
E mais do que isso: o iTunes permitia ao usuário a compra de apenas uma única música em vez do CD completo.
Era o cliente assumindo o seu lugar de comando.
A partir da combinação iPod + iTunes, a experiência do usuário foi aperfeiçoada. Os aparelhos de reprodução de música foram diminuindo de tamanho na mesma proporção em que os fones de ouvido ganhavam mais importância e potência.
A experiência musical estava indo parar no lugar certo!
Como resultado, curtir o seu artista favorito se tornava uma tarefa simples, embora ainda dentro de um formato que precisa ser delineado.
Em 2007, com o lançamento do iPhone, a plataforma iTunes foi incorporada ao celular. Os smartphones, então, passaram a reunir em si todas as funções primordiais que qualquer ser humano civilizado necessita para se manter conectado digitalmente.
Eficiência e praticidade estavam na pauta do dia.
Uma forma de equalizar as coisas
O formato digital diminuiu o tamanho das prateleiras de CDs na mesma medida em que houve a necessidade de ampliar a memória de nossos computadores. Mas essa transição “mídia física x digital” não foi muito suave. Teve muita gente tendo que se explicar judicialmente por ter feito download de arquivos de música, que a certa altura passou a ser considerado ilegal.
É evidente que, a partir da segunda metade da década de 2000, era preciso amadurecer um modelo de negócios digital que se alastrava como pólvora. Ao passo que, no mesmo período, a indústria fonográfica vivia um péssimo momento.
Para se ter uma ideia dessa necessidade, entre 1999 e 2014, o encolhimento da indústria fonográfica no mundo foi de 40%. O principal fator foi o aumento da pirataria. O Brasil liderou diversas vezes o ranking entre os países que mais baixavam arquivos na internet.
Nessa época, os serviços de compartilhamento de arquivos ilegais ainda eram uma opção viável para quem gostava de música. O problema é que esse tipo de serviço tinha um nível de confiabilidade muito baixo. Sendo que, volta e meia, o usuário baixava também alguns vírus.
Embora o iTunes já existisse, ele ficava restrito aos clientes da Apple, portanto, ainda havia um grande potencial de público para ser atendido pelo mundo.
Estava aberto o caminho para os serviços que ofereciam a transmissão de conteúdo online, sem que o arquivo precisasse ser baixado no computador ou no celular: o streaming.
Spotify: um ponto de equilíbrio
O ano era 2006. Surgia o Spotify, uma empresa sueca, fundada por Daniel Ek, atual presidente-executivo e Martin Lorentzon. Oficialmente, a empresa foi lançada dois anos mais tarde, em 2008, ajudada pela voluptuosa quantia de US$ 21 milhões recebida de vários fundos de investimentos e gravadoras.
Dentro dos serviços de streaming, o Spotify é considerado o maior, com 87 milhões de assinantes pagos no mundo, marca alcançada em 2018.
Sua presença pode ser ouvida nos quatro cantos do planeta: do continente americano, passando pela Europa Ocidental e ilhas da Austrália, chegando até a algumas partes da Ásia democrática. No Brasil, a empresa desembarcou, oficialmente, em 2014.
O Spotify, é claro, não está sozinho no mercado, mas está muito à frente em números de usuários: são 191 milhões (entre pagantes e não pagantes), contra 36 milhões da Apple Music e 10 milhões da “pequena” Deezer. A companhia sueca ainda é líder, embora a briga seja bastante acirrada território a território.
Quando se fala em economia da recorrência, o Spotify é um dos estandartes do modelo de negócios por assinatura. Considerada a 9ª empresa mais inovadora do mundo, em 2018, pela revista Fast Company, o prestígio e números atuais impressionam, mas é evidente que os seus primeiros passos exigiram uma dose generosa de suor e lágrimas.
Como não havia uma fórmula pronta, o Spotify se viu com a missão de desbravar um caminho que foi validado à base de tentativa e erro.
No começo, o cadastro na plataforma era feito somente por convite, aquele velho artifício para gerar desejo entre o público (público este que sequer tinha dimensões sobre o que o serviço representaria anos mais tarde).
A estratégia rendeu uma boa base para que a empresa usasse como “isca” o modelo freemium – meio pelo qual o acesso aos serviços básicos são gratuitos.
Contudo, o modelo freemium + assinatura era promissor e parecia oferecer um ponto de equilíbrio (ao menos uma trégua) entre as demandas emergentes de consumidores e a indústria musical.
Esse era o grande benefício dos serviços de streaming.
Streaming: a salvação da indústria musical
Com o Spotify ganhando território e assinantes, o mundo musical foi ganhando um novo compasso. A partir de 2014, as receitas geradas com os serviços de streaming já alcançavam o montante de US$ 1,87 bilhão, superando a receita com a venda de CDs, que demonstrava queda de 12,7% na comparação de um ano para outro.
Dentro desse novo contexto, em 2015, a indústria fonográfica apresentou o primeiro ano de alta desde 2005, com aumento de 3,2%. A tendência continuou para o ano seguinte, com um aumento de 5,9%.
Na mesma proporção, mas em um processo de letargia, estava o número de downloads digitais, que entraram em declínio nos anos que se seguiram.
O crescimento do Spotify apontava que as pessoas estavam convencidas a voltar a pagar por música. Isso amenizava os índices de pirataria.
E a linha continua subindo: de acordo com um relatório da Recording Industry Association of America, as plataformas de streaming têm crescido expressivamente nos Estados Unidos, compensando a queda nas compras de CDs e singles digitais. Em 2017, esses serviços ultrapassavam 40% do total de receitas geradas dentro do total que inclui todos os outros formatos.
Guerra e paz no mundo da música
De fato, desde o seu início, o Spotify soava como uma resposta plausível para a problema da pirataria. No ano seguinte à sua criação, a empresa já tinha assinado acordos com gravadoras como Universal Music, Sony BMG, EMI Music e Warner Music Group.
Mas o acesso a um vasto catálogo musical tem o seu preço.
Ano após ano, os números dessas negociações são impressionantes: somente para se ter uma ideia dos valores que correm nessa indústria, entre 2006 e 2018, o Spotify declarou ter repassado US$ 9.7 bilhões para artistas e gravadoras.
Porém, ainda existe muita discussão sobre quem está, realmente, enriquecendo nesse mercado. Artistas, gravadoras e serviços de streaming ainda travam disputas para distribuir, de maneira justa, as fatias desse bolo de dinheiro.
Um levantamento divulgado pelo Citigroup aponta que os músicos ficaram com apenas 12% dos US$ 43 bilhões em receita gerada com seu trabalho, nos EUA, em 2017. O montante inclui receitas com vendas de CDs, streaming, anúncios no YouTube, royalties de rádio e ingressos de shows.
A polêmica explode quando o assunto é a contribuição dos serviços de streaming para a música. Uma corrente dentro da classe artística reclama que o streaming desvaloriza a arte ao operar no modelo freemium. Outros levantam a bandeira de que tais plataformas não geram lucro o suficiente, mesmo com toda a receita gerada.
E, neste último quesito, os artistas alegam que ficam no escuro sobre o quanto está entrando por meio desses serviços. A remuneração que cada músico recebe depende de uma série de variáveis, que contabiliza a receita geral da empresa, o quanto as pessoas usaram a plataforma e o tamanho do público de cada artista.
Nessa equação, o Spotify fica com 30% da receita líquida e repassa os outros 70% aos detentores dos direitos autorais e fonográficos da música. De acordo com a companhia, um artista recebe de R$ 0,021 a R$ 0,0294 cada vez que alguém ouve sua música. Entretanto, uma pesquisa realizada na França analisou que a maior parte dessa receita bruta vai parar nas mãos das gravadoras.
Na luta por uma remuneração mais justa na distribuição dos royalties, teve até artista lançando o seu próprio serviço de streaming. Liderado pelo rapper Jay Z, com o apoio de Madonna, Alicia Keys, Arcade Fire, Beyoncé e Rihanna, o Tidal nasceu em 2015 com a proposta de bater de frente com o Spotify e Apple Music. O preço para a assinatura começou salgado no Brasil, entre R$ 30 e R$ 60. Até agora o serviço funciona, mas sem tanta expressividade em número de assinantes.
Como resposta, para lidar com essas e outras questões e tentar preencher a lacuna junto à classe artística, o Spotify contou com ajuda de peso de Troy Carter, ex-empresário da Lady Gaga, que deixou a empresa em 2018.
2018: Spotify abre capital na bolsa de Nova York
Mesmo que os ventos da indústria fonográfica soprem favoravelmente para a consolidação das plataformas de streaming, como vimos, o modelo ainda precisa lidar com as grandes despesas decorrentes do pagamento de direitos autorais, que chegam a 80% do faturamento das companhias, o que tem inviabilizado a geração de lucro.
Entretanto, a aposta nesse modelo teve um capítulo interessante em 2018, ano em que o Spotify foi à bolsa de bolsa de Nova York. Mas o IPO da companhia aconteceu de uma forma não convencional, a empresa fez uma listagem direta das ações e atingiu um valor de mercado de US$ 30 bilhões após o primeiro dia de negociações, superando as expectativas iniciais.
Com essa estratégia, o Spotify declinou da mediação dos grandes bancos, que aconteceria em um processo tradicional. E, dessa forma, o valor das ações ficou sujeito ao interesse do mercado e todo o dinheiro arrecadado vai para os próprios acionistas da companhia.
Mas, embora ainda não tenha conseguido operar com lucro, parece que o primeiro ano como empresa de capital aberto rendeu alguma sorte para a empresa. No segundo trimestre, o prejuízo do Spotify foi de US$ 102 milhões. No terceiro, as perdas caíram para US$ 6,8 milhões.
Entre os meses de julho e setembro, o Spotify ganhou 4 milhões de novos assinantes e fechou o trimestre com 87 milhões de usuários do serviço pago. Cerca de 92% do faturamento da plataforma sueca de streaming vem da receita gerada com assinaturas.
O números de 2018 mostram um cenário mais animador na comparação com o desempenho dos anos anteriores. Em 2017, o faturamento da empresa atingiu € 4,1 bilhões – com perdas que mais que dobraram com relação a 2016, chegando a € 1,24 bilhão no mesmo período, de acordo com notícias publicadas pela imprensa.
Quanto mais você ouve, mais o Spotify aprende
Disputas milionárias à parte, não tem como negar que o Spotify caiu no gosto do público. Afinal, são mais de 40 milhões de músicas que podem ser ouvidas a partir de diversos modos de navegação.
Dentro da plataforma, o usuário pode criar suas próprias playlists, seguir as coleções de amigos e artistas e ainda receber sugestões sob medida por meio das “Daily Mixes”, compilações (bastante precisas) de músicas baseadas no histórico do usuário. Para quem gosta de surpresas, toda segunda-feira tem as “Descobertas da semana”, com indicações que mesclam músicas novas e pérolas musicais.
E como dissemos na abertura deste texto, quem conhece bem o seu cliente no mundo das assinaturas vira rei.
O segredo para que tudo isso funcione perfeitamente está no machine learning, que quanto mais o cliente usa, mais a plataforma aprende. A partir desta inteligência, é possível fazer sugestões que possuem grande potencial para agradar.
Isso acontece graças à análise do comportamento do usuário. O Spotify usa informações como as músicas que estão entre as mais ouvidas e/ou foram salvas em uma playlist particular e o histórico de navegação dentro da plataforma para detectar essas preferências.
Além disso, cada faixa é lida por uma tecnologia que permite identificar características como timbre, intensidade, duração, entre outro atributos, que são combinados para que opções semelhantes sejam encontradas e sugeridas ao usuário.
Para enriquecer ainda mais essas sugestões, a plataforma também vasculha a internet atrás de dados atuais e comentários sobre música.
É por isso que, com base em uma combinação inteligente de dados, o Spotify domina o mercado: a empresa oferece o que o seu público (realmente) quer.
Com foi o seu ano musical?
“Então, é Natal. E o que você fez?”… ou melhor, o que você ouviu?
Já que falamos sobre a inteligência de dados – fundamental para as empresas da economia da recorrência -, uma funcionalidade do Spotify já virou tradição de final de ano: o Wrapped.
Trata-se de uma deliciosa retrospectiva musical com o ranking particular das músicas mais ouvidas nos melhores e piores momentos do usuário nos últimos 12 meses.
Mas não é só isso – a partir desse serviço também é possível saber outras estatísticas, preferências e curiosidades como o primeiro artista do ano ouvido, o gênero mais acessado, a quantidade de minutos ouvindo o Spotify. Se não bastasse, ainda dá para obter uma nova sugestão de playlist.
O Wrapped pode ser acessado tanto por quem é assinante ou usuário da versão freemium. E mesmo sendo um recurso simples, é eficiente, pois cria empatia na hora.
Olha aí a economia da recorrência na sua melhor performance.
Para todas as mídias
Mas hoje em dia não basta ser somente inteligente. É preciso ser multiplataforma. E nesse quesito, o Spotify enterra definitivamente toda a experiência musical desastrosa que vivemos até o início do formato digital.
A plataforma pode ser acessada de qualquer dispositivo: Smart TVs, consoles da Sony, tablets, smartphones, PCs e Macs. Pelo celular, a versão gratuita é mais restrita e permite que o usuário escute músicas de qualquer artista ou playlist somente na ordem aleatória. Mas está valendo! O que importa é acessar a experiência de qualquer dispositivo.
Os velhos aparelhos de reprodução de música que nos perdoe, mas acessibilidade é fundamental.
Dá um play aí: “Descobertas da Década” + Evolução do Spotify nos últimos 10 anos
Agora que você não tem mais dúvidas sobre a revolução que aconteceu no mundo da música nos últimos 20 anos e, também, sobre a relevância dos serviços de streaming dentro deste contexto, veja agora uma retrospectiva destes primeiros dez anos de existência do Spotify.
E, como sugestão, enquanto você termina de ler esse texto, dê um play nas Descobertas da Década, uma compilação das faixas mais ouvidas, artistas e álbuns campeões de audiência nestes 10 anos de existência do Spotify.
Os campeões de audiência nos últimos 10 anos
Como essa jornada musical foi longa, para fechar, nos despedimos com o ranking das músicas mais executadas do Spotify nesta última década.
E, então? Você fez parte desta história? Será que você ajudou a aumentar a popularidade desses artistas?
Música com maior número de streams por ano
- 2008: The Killers – “Human”
- 2009: The Black Eyed Peas – “I Gotta Feeling”
- 2010: Eminem, Rihanna – “Love The Way You Lie”
- 2011: Don Omar – “Danza Kuduro”
- 2012: Gotye – “Somebody That I Used To Know” (feat. Kimbra)
- 2013: Macklemore & Ryan Lewis – “Can’t Hold Us” (feat. Ray Dalton)
- 2014: Pharrell Williams – “Happy” – from Despicable Me 2
- 2015: Major Lazer – “Lean On” (feat. MØ & DJ Snake)
- 2016: Drake – “One Dance”
- 2017: Ed Sheeran – “Shape of You”
Artistas com mais streams de todos os tempos
- Drake
- Ed Sheeran
- Eminem
- The Weeknd
- Rihanna
- Kanye West
- Coldplay
- Justin Bieber
- Calvin Harris
- Ariana Grande
Músicas com mais streams de todos os tempos
- Ed Sheeran – “Shape Of You’”
- Drake – “One Dance”
- The Chainsmokers – “Closer”
- Post Malone – “rockstar” (feat. 21 Savage)
- Ed Sheeran – “Thinking Out Loud”
- Major Lazer – “Lean On” (feat. MØ & DJ Snake)
- Luis Fonsi, Daddy Yankee – “Despacito – Remix’”
- Justin Bieber – “Love Yourself”
- Justin Bieber – “Sorry”
- The Chainsmokers – “Don’t Let Me Down”
Primeiros 10 artistas a atingir 1 bilhão de streams no Spotify
- Rihanna (2013)
- David Guetta (2013)
- Eminem (2013)
- Kanye West (2014)
- Avicii (2014)
- Coldplay (2014)
- Jay Z (2014)
- Katy Perry (2014)
- Drake (2014)
- Pitbull (2014)
Álbuns com mais streams no mundo
- Ed Sheeran – ÷
- Justin Bieber – Purpose
- Drake – Views
- Ed Sheeran – x
- Post Malone – beerbongs & bentleys
- The Weeknd – Starboy
- Scorpion – Drake
- The Weeknd – Beauty Behind The Madness
- Post Malone – Stoney
- Kendrick Lamar – DAMN
Artistas mulheres com mais streams no mundo
- Rihanna
- Ariana Grande
- Sia
- Beyoncé
- Nicki Minaj
- Adele
- Taylor Swift
- Selena Gomez
- Katy Perry
- Shakira
E aí, curtiu o texto e a história do Spotify? Comente aqui embaixo. 😉