Vamos falar de macroeconomia?

Por: Time Superlógica2 Minutos de leituraEm 20/03/2023Atualizado em 20/03/2023

Por Roberto Miamoto, Business Development Director & Board Executive Member no PJBank

O meu último artigo aqui no blog da Superlógica foi escrito, precisamente, há três anos. 

Vivíamos o auge dos efeitos da covid-19. 

Os mercados estavam derretendo.

Parecia o fim. 

As pessoas mais próximas, sabendo que eu defendo que uma grave crise financeira global aconteceria, na época, estavam na dúvida se aquilo seria a tal crise que há anos eu vinha falando.

Compelido pelos acessos, resolvi, na época, escrever um artigo dando um embasamento de macroeconomia e um pouco da visão da escola austríaca de economia, em que, em suma, a crise bem como os ciclos econômicos são resultados de:

  1. Oferta de crédito inundando o mercado com dinheiro barato, gerando endividamentos públicos e privados, com altíssima alavancagem financeira, sem contar um boom de investimentos com retornos duvidosos;
  2. Aumento de juros e redução de liquidez.

A alternância desses fatores levam a booms de crescimento, bem como a crises severas. 

Neste mesmo artigo, foi também retratado os estágios do ciclo econômico, pois como o dinheiro não flui de forma uniforme no mercado, os setores que estão mais próximos aos setores financeiros são os primeiros a sentir o efeito da injeção de capital realizada pelos bancos centrais, gerando expressivos resultados financeiros e bons lucros, fazendo com que os setores mais distantes, como de materiais básicos e energia, beneficiem-se depois.

Nesse hiato entre um artigo e outro, muitas coisas aconteceram, tivemos mais desdobramentos da covid-19, uma guerra, vimos o petróleo subir para acima de US$ 100 o barril, petroleiras, inclusive Petrobrás, divulgando resultados astronômicos, sem contar os bons dividendos.

Mesmo contrariando a lógica, o que se viu foram mercados registrando altas com novos recordes históricos, no caso das bolsas americanas, recuperando-se das quedas ocasionadas pela covid-19.

E junto a essa alta nos mercado veio também o efeito inflacionário global, que chegou a atingir o pico de 7,1% no caso dos Estados Unidos, fechando 2022 em alta de 6,5%. E no caso do Brasil, o pico foi de 10,06%, fechando o ano em 5,79%.

Diante desse cenário, os bancos centrais resolveram, então, aumentar os juros. 

A Selic, que chegou a atingir impressionantes 2%, foi elevada para 13,75% aa.

Já a taxa americana subiu de 0%-0,25% para 4,75%.

A profecia descrita pela escola austríaca foi novamente precisa sinalizando que exatamente esses fatores de alavancagem financeira pública e privada e aumento de juros não combinam, o que estabeleceu um padrão bem mais conservador nos últimos meses. 

Isso vem desencadeando, combinado com corridas aos bancos, em um modelo que se opera em reserva fracionária, um descompasso entre os fluxos de caixa, o que, por fim, geram problemas de liquidez/solvência.

Isso explica os problemas que vimos recentemente no Silicon Valley Bank, Signature Bank, o First Republic e, neste final de semana, se desenrolou a situação do Credit Suisse.

Óbvio que os mercados ainda não caíram e agentes estão trabalhando para evitar o contágio no resto do sistema financeiro. 

Mas, definitivamente, diante dos cenários e fatos, precisamos ficar alertas. 

Fique ligado com a gente. 

Nos próximos artigos, continuaremos desdobrando a macroeconomia, mas também falaremos dos impactos na microeconomia e o que nos impacta.

Leitura Recomendada